São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2004

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SISTEMA CARCERÁRIO

Tumulto começou após protestos

Seis presos morrem carbonizados em incêndio em presídio do RS

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Seis detentos morreram carbonizados ontem no presídio de Júlio de Castilhos (350 km de Porto Alegre) depois de fazerem um protesto contra a impossibilidade de saírem do prédio para realizar trabalhos externos. Após os internos terem possivelmente se envolvido em uma briga, colocaram fogo na galeria, que ficou completamente destruída.
O episódio ocorreu entre as 6h e as 7h30, horário em que foi apagado o incêndio -iniciado às 6h20. Os detentos mortos, segundo a direção do presídio, são Tony Sobrera Soares, Edelmar dos Santos, José Adriano Vargas Baptista, Antônio Carlos da Silva, Eres Carvalho Júnior e Sílvio Rodrigues de Vargas.
A princípio havia a desconfiança de que o incêndio, provocado por um grupo de detentos em regime semi-aberto, devia-se a algum motim. Depois, chegaram informações de que houvera uma revolta e, provavelmente, uma briga entre grupos rivais.
De acordo com o coordenador-geral do sistema penitenciário do Rio Grande do Sul, Homero Negrello, os presos não saíram para o trabalho porque quatro deles estavam embriagados, o que pode ajudar a explicar os motivos do início da briga e também do próprio incêndio.
O problema se agravou porque o presídio regional tem capacidade para apenas 40 pessoas, mas estava abrigando um total de 90 presidiários.
O número de mortos não foi maior porque os detentos em regime fechado -que ficam em uma galeria ao lado da incendiada- foram levados para o pátio. Sem esta medida de precaução, poderiam ter inalado a fumaça e morrido por asfixia.
Para contornar a situação, foram chamados 20 homens da Brigada Militar, que isolaram o prédio. A identificação dos mortos e a vistoria das selas ficaram a cargo de peritos da cidade de Santa Maria, que se dirigiram ainda ontem de manhã para o local.
O administrador do presídio, Luís Fernando Dias, sofreu queimaduras no rosto e no tórax ao tentar ajudar os internos. Ele foi hospitalizado e internado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e ontem à tarde estava em estado regular.
Paralelamente a esse episódio, o governo gaúcho decidiu que vai encaminhar à Assembléia Legislativa um projeto para terceirizar a administração de prisões. Há, atualmente, um déficit de 5.000 vagas no Estado, segundo o governo.


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