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BARBARA GANCIA
Lá vai o Brasil, descendo a ladeira...
O ministro Mantega deveria admitir que há em curso no país um processo de reestatização
de setores estratégicos
U-LÁ-LÁ! Em seu comentário
de ontem na rádio BandNews FM, o economista, ex-ministro e ex-presidente do
BNDES, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, pegou pesado e afirmou com
todas as letras que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é ignorante
sobre a crise financeira que atingiu
em cheio os EUA e, por conseqüência, o mundo.
Disse ele ainda que essa história
de que a crise não vai afetar o Brasil é
balela e que o ministro Mantega, seu
ex-aluno, deveria falar a verdade e
dizer que, depois de um longo período de bonança, o mundo entrou em
uma fase de instabilidade econômica e que todos os países serão, sim,
afetados, mesmo que o Brasil esteja
mais blindado do que nas crises anteriores, por ter acumulado reservas
no valor de US$ 159,66 bilhões.
Pois eu já acho que o ministro deveria falar a verdade também sobre
o processo de reestatização de setores estratégicos atualmente em curso no país. Veja só, meu ilustríssimo
leitor: na semana passada, a Petrobras assumiu o controle da Suzano
Petroquímica, deixando industriais
do setor de cabelo em pé. Foi estabelecido também que a primeira das
novas usinas que serão construídas
no rio Madeira terá apenas 20% de
participação privada, o resto fica nas
mãos da Eletrobrás. E o ministro das
Comunicações, Hélio Costa, aquele
que não vai com a cara da Anatel e
prefere que o governo controle as tarifas, pretende criar uma grande
operadora nacional de telefonia,
dando ao governo o poder de interferir nas decisões da companhia. Isso, sem contar a tendência, que
ocorre desde os tempos em que José
Dirceu dava as cartas no Planalto, de
contratar sistematicamente funcionários públicos sem concurso para
tudo o que é canto.
Segundo o ministro Mantega, a
compra da Suzano é "um negócio
como outro qualquer", mas não é isso que dizem os industriais, que percebem uma clara tendência estatizante por parte da Petrobras. Disse
ele também que a fusão das telefônicas é um negócio privado e que o governo pensa apenas em criar uma
empresa sob controle nacional. Sei,
sei, agora conta aquela do papagaio.
Quanto à usina sobre o rio Madeira ser quase inteiramente controlada pelo Estado, Mantega afirma que
esse é um desejo dos investidores
particulares. Será? Nunca vi investidor querer ser sócio minoritário do
governo, mas tudo é possível.
E as contratações ilimitadas de
funcionários públicos? Bem, essas,
de acordo com auxiliares do presidente Lula, são todas absolutamente necessárias. E eu, burralda, que
pensava que, para ser mais ágil e eficiente, o governo deveria enxugar a
máquina em vez de aumentá-la? Devo ter uma rosquinha no lugar do cérebro, tal e qual o Homer J. Simpson, não é mesmo?
Por falar em Homer J. Simpson (o
jota é de Jay, que também quer dizer
jota em inglês), velho amigo de FHC,
a quem até desafiou para uma luta,
não vá assistir a "Os Simpsons, o Filme" achando que você verá algo de
extraordinário, que nunca foi mostrado no seriado da TV. Como diz o
Homer, bem no começo do filme:
"Por que eu devo pagar para ver no
cinema o que posso assistir de graça
na TV de casa?" O filme dos Simpsons não é o melhor longa em desenho animado do ano. Esse privilégio
vai para "Ratatouille", que considero uma obra-prima e que, aposto
uma caixa de picolés de limão, leva
fácil, fácil o Oscar de melhor filme de
animação de 2008.
barbara@uol.com.br
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