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Bombeiros simulam ação da PF para extorquir empresário
Eles foram fotografados durante ação em que se passavam por agentes federais no Rio
Um terceiro integrante do grupo fugiu com R$ 30 mil da vítima; acusados alegaram que estavam fazendo investigação
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Civil prendeu ontem dois cabos do Corpo de
Bombeiros -Antonio Lazaro
da Silva Franco e Tito Livio de
Paulo Franco-, acusados de
roubar e tentar extorquir,
usando uniformes falsos da Polícia Federal, o empresário
Marcelo Alves dos Santos na
tarde de quarta-feira, na Barra
da Tijuca, zona oeste do Rio.
Eles são acusados de simular,
em plena luz do dia, uma operação contra lavagem de dinheiro
e tentar seqüestrar o empresário, que é sócio de uma casa de
cambio. Conforme a polícia,
Santos foi atraído até uma revendedora de veículos por uma
falsa proposta de trocar R$ 30
mil para a compra de um carro.
A ação dos falsos policiais foi
registrada por um fotógrafo do
jornal "O Estado de S. Paulo",
que passava pela avenida Armando Lombardi, uma das
mais movimentadas do bairro.
Algemado
Em razão do flagrante fotográfico, os falsos policiais, que
já haviam até algemado o empresário, deixaram-no fugir.
Um terceiro homem integrante
do grupo fugiu com R$ 30 mil e
o carro da vitima. Ele ainda não
havia sido identificado.
A polícia afirma acreditar
que os bombeiros façam parte
de uma quadrilha especializada
em extorsão, que já teria feito
outras vitimas e que contaria
com a participação de policiais.
Até o fechamento desta edição,
a dupla de militares bombeiros
permanecia na DAS (Divisão
Anti-Sequestro), que investiga
o caso, prestando depoimento.
A Folha não teve acesso a seus
advogados.
Reconhecidos
O diretor da DAS, delegado
Fernando Moraes, afirmou que
na manhã de ontem recebeu ligações de funcionários da Secretaria Estadual de Saúde, que
lhe informaram terem reconhecido os falsos agentes e que
estes seriam bombeiros.
Paulo Franco estava lotado
na assessoria de imprensa do
órgão, e Silva Franco estava cedido ao HGV(Hospital Getúlio
Vargas), na Penha, zona norte.
De posse dos endereços dos
acusados, que moram no bairro
de Lagunas e Dourados, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, equipes da PF e da Polícia Civil estiveram nos locais,
mas os dois haviam fugido.
A DAS realizou busca e
apreensão nos endereços e pediu às famílias e aos advogados
dos procurados que os convencessem a se entregar.
Paulo Franco se entregou em
um supermercado da rodovia
Washington Luiz, e Silva Franco, em um depósito de bebidas,
ambos em Caxias.
Ao diretor da DAS, eles contaram que queimaram os uniformes da PF e que o terceiro
homem, que a dupla se nega a
revelar o nome, fugiu com o dinheiro e o carro da vítima.
Patriotismo
O delegado diz acreditar que
o foragido seja um policial. Os
bombeiros disseram também
que realmente estavam investigando crime de lavagem de dinheiro, embora admitam que
não têm competência para esse
tipo de trabalho.
Em depoimento, os dois
alegaram que foi um ato de
"patriotismo".
No fim da tarde, o proprietário de uma padaria na rua Marquês de São Vicente, na Gávea,
zona sul, esteve na DAS para
afirmar que, terça-feira, foi levado por quatro homens que
afirmaram ser policiais e também tentaram extorqui-lo.
Ele disse que dois dos quatro
homens eram Silva Franco e
Paulo Franco. Também contou
que um dos quatro homens
usava terno e disse que era delegado. Ele foi deixado em um
ponto da avenida Brasil e afirmou que não fez nenhum pagamento por não ter dinheiro.
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