São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Bombeiros simulam ação da PF para extorquir empresário

Eles foram fotografados durante ação em que se passavam por agentes federais no Rio

Um terceiro integrante do grupo fugiu com R$ 30 mil da vítima; acusados alegaram que estavam fazendo investigação

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil prendeu ontem dois cabos do Corpo de Bombeiros -Antonio Lazaro da Silva Franco e Tito Livio de Paulo Franco-, acusados de roubar e tentar extorquir, usando uniformes falsos da Polícia Federal, o empresário Marcelo Alves dos Santos na tarde de quarta-feira, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Eles são acusados de simular, em plena luz do dia, uma operação contra lavagem de dinheiro e tentar seqüestrar o empresário, que é sócio de uma casa de cambio. Conforme a polícia, Santos foi atraído até uma revendedora de veículos por uma falsa proposta de trocar R$ 30 mil para a compra de um carro.
A ação dos falsos policiais foi registrada por um fotógrafo do jornal "O Estado de S. Paulo", que passava pela avenida Armando Lombardi, uma das mais movimentadas do bairro.

Algemado
Em razão do flagrante fotográfico, os falsos policiais, que já haviam até algemado o empresário, deixaram-no fugir. Um terceiro homem integrante do grupo fugiu com R$ 30 mil e o carro da vitima. Ele ainda não havia sido identificado.
A polícia afirma acreditar que os bombeiros façam parte de uma quadrilha especializada em extorsão, que já teria feito outras vitimas e que contaria com a participação de policiais. Até o fechamento desta edição, a dupla de militares bombeiros permanecia na DAS (Divisão Anti-Sequestro), que investiga o caso, prestando depoimento. A Folha não teve acesso a seus advogados.

Reconhecidos
O diretor da DAS, delegado Fernando Moraes, afirmou que na manhã de ontem recebeu ligações de funcionários da Secretaria Estadual de Saúde, que lhe informaram terem reconhecido os falsos agentes e que estes seriam bombeiros.
Paulo Franco estava lotado na assessoria de imprensa do órgão, e Silva Franco estava cedido ao HGV(Hospital Getúlio Vargas), na Penha, zona norte.
De posse dos endereços dos acusados, que moram no bairro de Lagunas e Dourados, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, equipes da PF e da Polícia Civil estiveram nos locais, mas os dois haviam fugido.
A DAS realizou busca e apreensão nos endereços e pediu às famílias e aos advogados dos procurados que os convencessem a se entregar.
Paulo Franco se entregou em um supermercado da rodovia Washington Luiz, e Silva Franco, em um depósito de bebidas, ambos em Caxias.
Ao diretor da DAS, eles contaram que queimaram os uniformes da PF e que o terceiro homem, que a dupla se nega a revelar o nome, fugiu com o dinheiro e o carro da vítima.

Patriotismo
O delegado diz acreditar que o foragido seja um policial. Os bombeiros disseram também que realmente estavam investigando crime de lavagem de dinheiro, embora admitam que não têm competência para esse tipo de trabalho.
Em depoimento, os dois alegaram que foi um ato de "patriotismo".
No fim da tarde, o proprietário de uma padaria na rua Marquês de São Vicente, na Gávea, zona sul, esteve na DAS para afirmar que, terça-feira, foi levado por quatro homens que afirmaram ser policiais e também tentaram extorqui-lo.
Ele disse que dois dos quatro homens eram Silva Franco e Paulo Franco. Também contou que um dos quatro homens usava terno e disse que era delegado. Ele foi deixado em um ponto da avenida Brasil e afirmou que não fez nenhum pagamento por não ter dinheiro.


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