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Diretora da Anac força recuo de brigadeiro
Ex-presidente da Infraero, José Carlos Pereira negou ter dito que Denise Abreu fez "lobby" para seu "amigo" em Ribeirão
A diretora, no entanto, caiu em contradição durante seu depoimento à CPI e reforçou suspeita de ter manobrado para beneficiar empresário
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A diretora da Anac, Denise
Abreu, conseguiu forçar ontem
um recuo do brigadeiro José
Carlos Pereira, ex-presidente
da Infraero, sobre a acusação
de lobby no setor de transporte
de cargas aéreas de São Paulo,
mas acabou caindo em contradição e reforçou a suspeita de
que teria manobrado a agência
para beneficiar um empresário
de Ribeirão Preto.
A acareação na CPI do Apagão Aéreo do Senado foi marcada por troca de farpas e ironias. Denise tentou forçar uma retratação.
Ao final, o relator da CPI, o
senador Demóstenes Torres
(DEM-GO), considerou que o
brigadeiro "amarelou". Mas
também disse que Denise tentou enrolar, ao estilo "Rolando
Lero" -referência ao personagem humorístico que conta estórias para fugir das questões.
"Ela trabalhou a favor, mas
diz que é contra. Isso é tática.
Vamos investigar mais e avaliar
se vamos quebrar o sigilo bancário dela", disse o relator.
R$ 400 milhões
A proposta seria de transferir
a carga hoje transportada via
Cumbica (Guarulhos) e ViraCopos (Campinas) -um negócio que vale mais de R$ 400 milhões por ano para a Infraero-
para o aeroporto de Ribeirão
Preto, que é do Estado de São
Paulo. A exploração de cargas
no local foi concedida por licitação ao empresário Carlos Ernesto Campos.
O argumento é que isso desafogaria os aeroportos para receber os vôos comerciais que hoje
congestionam Congonhas. Pereira denunciou a manobra em
entrevista ao jornal "O Globo".
Mas, ontem, negou que tenha
usado as palavras "lobby" ou
"amizade" entre Denise Abreu
e o empresário.
Ambos fizeram interpelações judiciais sobre as afirmações do brigadeiro. Denise retirou o pedido depois da sessão
da CPI, por considerar que ele
fez uma "retratação" -Pereira
falou em "esclarecimento".
Denise disse diversas vezes
que a Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) não aprovou o
plano diretor para o projeto de
Ribeirão Preto e que sequer havia terminal de cargas no local.
Em um momento de clima
pesado, foi desmentida com a
exibição da gravação de uma
entrevista à colunista da Folha
Mônica Bergamo, na qual afirma: "O plano diretor foi aprovado muito rapidamente, exatamente para fazer o alongamento da pista".
Depois, reconheceu que dois
itens do plano foram, de fato,
aprovados em reunião da diretoria da Anac. Um se refere à
configuração final do aeroporto de Ribeirão Preto e outro ao
corredor de ruído. "Esses dois
itens abrem o caminho para a
construção começar no local,
se a questão ambiental for resolvida", disse Demóstenes.
Além dessa questão, Pereira
aproveitou para criticar o modelo de gestão da Anac, com
uma diretoria colegiada onde
"ninguém é de ninguém e ninguém decide nada". Atacou
também a FAB, ao dizer que a
crise dos controladores aconteceu por "nítida falta de chefia".
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