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Queimadas levam a Brasília nível de poluição de SP
Incêndios no Centro-Oeste e na Amazônia elevam níveis
de monóxido de carbono e particulados na capital federal
Número de internações
em consequência da
poluição no DF cresceu
neste inverno, segundo
a Secretaria da Saúde
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Orgulhosos de viverem
numa cidade de céu limpo,
os brasilienses ontem tiveram seu dia de São Paulo:
uma névoa seca encobria o
horizonte e os níveis de poluição do ar eram comparáveis aos da capital paulista.
Enquanto o ar frio dava
aos paulistanos uma trégua,
mantendo boa a qualidade
do ar na região metropolitana, as queimadas no Centro-Oeste e na Amazônia elevavam os níveis de monóxido
de carbono (CO) e particulados na capital federal.
O CO é um gás tóxico. Os
particulados finos (chamados de PM25) são um tipo de
fuligem que fica muito tempo
suspensa no ar e penetra facilmente nos pulmões, agravando doenças respiratórias.
Medido pelo deficit de leitos, o número de internações
por poluição no Distrito Federal subiu. "No ano passado
eram 10%; neste ano o deficit
é de 17%", diz Paulo Feitosa,
da Secretaria da Saúde.
Segundo dados do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Distrito
Federal teve à 0h de ontem
30 microgramas de material
particulado fino por metro
cúbico de ar.
"Em São Paulo, nos períodos críticos de poluição, você
tem de 50 a 100 microgramas", diz o físico Saulo Ribeiro de Freitas, do Inpe.
Ele desenvolveu um modelo de computador que "traduz" a qualidade do ar com
base em imagens de satélite.
300 VEZES MAIS FOGO
Se para Brasília essa tradução é ruim, para a Amazônia
ela é dramática: o norte de
Mato Grosso e o sul do Pará
tiveram ontem, pelo sistema,
cerca de 3.000 partes por bilhão de CO -mais que o dobro do registrado na região
metropolitana de SP.
O sistema não monitora níveis de poluentes importantes, como o ozônio, mas medições pontuais na Amazônia mostraram que também
são mais altos durante queimadas do que em São Paulo.
Segundo Freitas, o número de focos de queimada neste ano é 300 vezes maior do
que em 2009. E o inverno
mais seco do que a média só
explica parte do problema.
"Em 2008 e 2009 tivemos
uma situação anormal", diz.
"Diminuiu muito [o número
de queimadas] em consonância com a queda no desmatamento, por causa de
mais rigor na fiscalização e
da crise econômica."
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