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NARCOTRÁFICO
Em conferência no Rio, governadora declara que Estado está vivendo "momento amargo", mas que não vai "recuar"
Benedita afirma sentir a força do crime
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Em meio à crise ocasionada pela
rebelião com quatro mortos no
presídio de Bangu 1 na semana
passada, a governadora do Rio,
Benedita da Silva (PT), disse ontem, pela primeira vez, que seu
governo está "pressionado pelo
crime organizado".
"Não podemos prescindir da
participação da sociedade nesse
processo. Na esfera do governo
do Estado do Rio de Janeiro, em
poucos meses de um governo fortemente pressionado pelo crime
organizado e pela violência, temos trabalhado nessa direção.
São noites e mais noites indormidas no Estado do Rio de Janeiro",
afirmou a governadora, enquanto
defendia a instituição de mecanismos para garantir a transparência
na área de segurança pública.
"Nós, no Estado do Rio de Janeiro, estamos vivendo momentos amargos", afirmou a governadora diante da platéia da 1ª Conferência Internacional de Controle
Externo de Polícia, no Rio.
Benedita criticou o uso do episódio de Bangu como munição
eleitoral e disse que o governo não
recuará diante do crime. "Estamos reagindo, não vamos recuar,
nossa estratégia está correta.
combatendo e punindo os responsáveis", afirmou Benedita.
Desipe
O governo suspeita da conivência dos agentes penitenciários de
Bangu 1 com a rebelião. Os amotinados, todos da facção criminosa
CV (Comando Vermelho), conseguiram armas, álcool e chaves para abrir as celas dos rivais.
A governadora mudou a direção do Desipe (Departamento do
Sistema Penitenciário) e nomeou
para o cargo o major da PM Hugo
Freire, 40. Com isso o Desipe, embora administrativamente subordinado à Secretaria de Justiça, terá
maior ingerência da Secretaria de
Segurança e da Polícia Militar.
Freire disse que reativará a correição interna do órgão, encarregado de investigar denúncias contra os agentes. Ele chamou para
cuidar do setor o tenente-coronel
da PM Cid Souza Sá. Oficiais da
PM dirigirão alguns presídios,
afirmou o novo diretor.
Os agentes penitenciários
ameaçaram fazer greve porque
não aceitam ser afastados da
guarda dos presídios. Ontem, a
categoria fez assembléia, mas decidiu que não haverá paralisação.
O major Hugo Freire também
afirmou que combaterá a corrupção nos presídios e aumentará o
controle de benefícios dos detentos, como visitas.
Bangu 1, considerado de segurança máxima, não está mais sob
o controle da administração do
Desipe, e sim sob a guarda de policiais civis e militares. O mesmo
deverá acontecer em Bangu 3.
Beira-Mar
O secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, disse ontem no Rio que
não vê razões para que o traficante Fernandinho Beira-Mar seja
considerado um preso federal.
Silva Filho afirmou que, embora
tenha sido capturado na Colômbia e seja processado por tráfico
internacional de drogas, Beira-Mar tem no Rio a maior parte dos
processos em que é réu. "Bastaria
um crime praticado no Rio como
motivo para mantê-lo aqui", afirmou o secretário.
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