São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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VIOLÊNCIA

Entidade teve prejuízo equivalente a pelo menos R$ 100 mil; ladrão disfarçado de policial rendeu quatro vigias

Grupo armado assalta sede da Apae-SP

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo armado, com um assaltante disfarçado de policial militar, invadiu a unidade central da Apae-SP (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo), na Vila Clementino (zona sul de São Paulo), anteontem à noite e roubou, em doações e aparelhos eletrônicos, o equivalente a pelo menos R$ 100 mil.
Segundo a entidade, foram roubados cerca de 20 computadores -entre eles os do laboratório de informática- e pelo menos seis impressoras, sete televisores, cinco videocassetes, quatro aparelhos de som, três copiadoras e dois aparelhos de fax. Também foram levados remédios, cheques pré-datados de doações feitas à entidade e cerca de R$ 700 em dinheiro. A instituição, que possui seguro, ainda não conseguiu listar todos os bens roubados.
Os assaltantes permaneceram cerca de cinco horas na unidade central da entidade, que possui cinco prédios em um terreno de 12 mil metros quadrados, e acaba de ser reformada. Salas da administração e do setor financeiro foram reviradas, vidros quebrados e portas arrombadas.
Quatro porteiros foram rendidos e trancados em banheiros. Ninguém foi ferido. Segundo a polícia, os funcionários disseram ter ouvido as vozes de oito homens durante o assalto. Os equipamentos foram transportados em um caminhão.
"Estamos chocados e indignados. Temos batalhado tanto pela cidadania e pela inclusão social, mas, como toda a sociedade, não estamos ilesos. Ninguém se salva", disse o coordenador-geral da Apae-SP, Nelson Vilaronga.
O falso PM chegou à entidade por volta das 23h, rendeu o porteiro que estava na guarita da portaria central e o obrigou a chamar os outros três porteiros. Dois deles foram algemados e trancados em um banheiro. Um ficou na guarita principal com um dos assaltantes, e o quarto foi forçado a andar pelos prédios com o grupo.
Por volta das 4h, antes de fugir no caminhão, os assaltantes amarraram e amordaçaram os outros dois porteiros e trocaram as algemas dos dois primeiros por cordas e fitas adesivas. Todos foram colocados em banheiros. Pouco depois, um deles conseguiu se soltar e chamou a polícia.
A polícia investigará se houve participação de funcionários da Apae-SP no assalto. Durante o tempo em que estiveram trancados, os porteiros ouviram conversas dos assaltantes. Segundo a polícia, as vítimas contaram que a quadrilha sabia nomes de funcionários da entidade.
A Apae-SP tem hoje um déficit mensal de R$ 180 mil, em média. Da receita mensal da entidade -R$ 1,1 milhão-, 85% financiam atendimentos gratuitos.
Por mês, são realizados 30 mil testes do pezinho e cerca de 2.000 consultas médicas. Cerca de 1.600 crianças são atendidas em programas permanentes.
A Apae-SP, fundada em 1961, possui seis unidades e tem como missão promover a inclusão social de portadores de deficiências mentais. A entidade só aceita contribuições após uma visita do doador à instituição.


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