São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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ACIDENTE

Sindicato acusa empresa de fazer funcionários acumularem funções; unidade baiana ficará 30 dias fechada

Explosão mata 3 funcionários da Petrobras

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Três operários da Petrobras que trabalhavam na unidade de produção de gás natural da empresa, em Candeias (região metropolitana de Salvador), morreram anteontem à noite, em consequência de uma explosão.
Divaldo Jorge de Oliveira Ferreira, 42, José Carlos Nogueira, 39, e Edilberto Lima Alves, 37, operavam a tubovia de gás às 20h40, quando aconteceu o vazamento, seguido de explosão. Ferreira e Alves morreram no local. Socorrido por funcionários da Petrobras, Nogueira morreu 15 minutos depois de dar entrada no Hospital Regional de Candeias.
Ontem à tarde, a diretoria da Petrobras informou que a unidade deverá ficar completamente paralisada por cerca de 30 dias, prazo estimado para que técnicos da empresa efetuem os reparos necessários no local do acidente.
Segundo a empresa, o vazamento e a explosão aconteceram na entrada da planta de processamento, local em que o produto é transformado em combustível industrial, gás automotivo e matéria-prima.
Pela tubulação onde ocorreu o vazamento, a Petrobras transportava até anteontem 2,9 milhões de metros cúbicos por dia de gás.
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Petroquímicos da Bahia, Radiovaldo Costa, 36, responsabilizou ontem a Petrobras pelo acidente. "Com a política de reduzir o seu efetivo, a Petrobras tem obrigado os trabalhadores a acumular funções, medida que contribui para aumentar o índice de acidentes."
Costa disse também que a Petrobras dificulta a apuração de qualquer acidente envolvendo suas unidades. "Simplesmente, a empresa não aceita a participação de funcionários para acompanhar as investigações. A empresa acha certo avaliar o acidente à revelia dos trabalhadores."
Levantamento feito pelo sindicato baiano revela que 117 prestadores de serviços para a Petrobras (dos quais 30 contratados) morreram em consequência de acidentes desde 98. Somente nos últimos 30 dias, foram registradas cinco mortes.
"Além dos três operários baianos, também morreram um motorista no Rio Grande do Norte e um engenheiro em São Paulo", disse Costa.
O gerente da unidade de gás natural de Candeias, Vandemir Ferreira de Oliveira, disse ontem que a Petrobras adotou todas as providências para dar assistência às famílias das vítimas. Além das indenizações, a Petrobras se comprometeu a pagar pensão, dar atendimento psicológico por dois anos para todos os integrantes das três famílias e garantir financeiramente os estudos dos filhos das vítimas até os 24 anos.
Com a explosão, o processamento de gás natural na Bahia foi reduzido à metade. No entanto, de acordo com Oliveira, o abastecimento às empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari não será prejudicado. "Temos mais duas unidades de produção de gás no Estado que vão garantir o abastecimento", disse o gerente.
Entre as empresas de Camaçari, a Dow Química e a Gerdau foram as mais prejudicadas com o acidente. "Somente essas duas empresas consomem em média 850 mil metros cúbicos de gás natural por dia", acrescentou Oliveira.
O gerente da unidade disse também que somente após a perícia é que a empresa vai divulgar as causas do acidente. "Nós constituímos uma comissão formada por representantes das áreas de segurança, ambiente, saúde e de processamento e movimentação do gás para realizar a investigação."


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