|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUSTIÇA
Processo corre em segredo com
objetivo de identificar mandantes do crime
Dois acusados são
condenados por
morte de juiz no ES
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Os dois homens acusados da
morte do juiz da 5ª Vara de Execuções Penais do Espírito Santo,
Alexandre Martins de Castro Filho, foram condenados ontem pelo Tribunal do Júri, em Vila Velha
(região metropolitana de Vitória)
por homicídio qualificado.
Odessi Martins da Silva, o Lombrigão, 20, e Giliarde Ferreira de
Souza, 21, foram condenados a 25
anos e oito meses e a 24 anos e seis
meses de reclusão, respectivamente. Os dois já haviam confessado o crime.
O júri popular, composto por
sete pessoas, entendeu que os dois
mataram o magistrado mediante
pagamento e os condenou por
homicídio qualificado, formação
de quadrilha e furto de arma.
O julgamento durou dois dias.
A sentença foi dada pelo juiz Sérgio Ricardo de Souza, mas ainda
cabe recurso.
Na manhã do dia 24 de março
de 2003, Castro Filho saiu de casa
às 8h para ir à academia. Devido
às ameaças de morte freqüentes
que recebia, o magistrado tinha
uma escolta de dois policiais militares determinada pelo governador Paulo Hartung (sem partido).
Naquela manhã, os policiais se
atrasaram. Castro Filho decidiu ir
sozinho até a academia. Ao estacionar o carro, foi abordado por
dois homens em uma motocicleta. Lombrigão, que estava na garupa, disparou sete vezes contra o
magistrado. Três tiros o atingiram
-no tórax, no braço esquerdo e
na cabeça. Ele foi levado a um
hospital, mas não resistiu.
Castro Filho foi responsável pela decisão de prender o coronel
reformado da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, acusado de
comandar um esquema de pistolagem. O coronel era da Scuderie
Le Cocq, considerada o braço armado do crime organizado no ES.
Ele havia sido transferido para o
presídio da Papudinha (AC) e está
hoje em Dourados (MS).
Um processo corre em segredo
de Justiça visando identificar os
mandantes do assassinato do juiz.
A mando
O Ministério Público Federal
acredita que o crime foi contratado a mando do coronel Ferreira,
mas nenhum dos envolvidos denunciou a participação dele. O
promotor Fábio Vello, que também participou da força-tarefa,
disse que as suspeitas apontam
para o coronel e que as investigações seguirão nessa linha.
Defesa
A defesa de Silva e de Souza tentou convencer o júri de que houve
latrocínio (roubo com morte). Os
dois teriam a intenção de roubar a
caminhonete do juiz. Mesmo depois de ter matado o magistrado,
a dupla não levou o veículo e fugiu
na motocicleta com a qual chegou
à cena do crime.
O defensor público Marcos Antônio Farizel, que coordenou a
defesa dos réus, afirmou que, devido ao placar apertado do júri,
iria apresentar recurso da decisão
ainda ontem. "Vamos pedir o recurso de apelação para que ambos, tanto Odessi [Silva] quanto
Giliarde [Souza], possam ser submetidos a outro julgamento."
Texto Anterior: Crime em série: Acusado de matar 11 é transferido para S. Bernardo Próximo Texto: Educação: Inscrição para bolsas será definida dentro de 60 dias Índice
|