São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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JUSTIÇA

Processo corre em segredo com objetivo de identificar mandantes do crime

Dois acusados são condenados por morte de juiz no ES

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

Os dois homens acusados da morte do juiz da 5ª Vara de Execuções Penais do Espírito Santo, Alexandre Martins de Castro Filho, foram condenados ontem pelo Tribunal do Júri, em Vila Velha (região metropolitana de Vitória) por homicídio qualificado.
Odessi Martins da Silva, o Lombrigão, 20, e Giliarde Ferreira de Souza, 21, foram condenados a 25 anos e oito meses e a 24 anos e seis meses de reclusão, respectivamente. Os dois já haviam confessado o crime.
O júri popular, composto por sete pessoas, entendeu que os dois mataram o magistrado mediante pagamento e os condenou por homicídio qualificado, formação de quadrilha e furto de arma.
O julgamento durou dois dias. A sentença foi dada pelo juiz Sérgio Ricardo de Souza, mas ainda cabe recurso.
Na manhã do dia 24 de março de 2003, Castro Filho saiu de casa às 8h para ir à academia. Devido às ameaças de morte freqüentes que recebia, o magistrado tinha uma escolta de dois policiais militares determinada pelo governador Paulo Hartung (sem partido).
Naquela manhã, os policiais se atrasaram. Castro Filho decidiu ir sozinho até a academia. Ao estacionar o carro, foi abordado por dois homens em uma motocicleta. Lombrigão, que estava na garupa, disparou sete vezes contra o magistrado. Três tiros o atingiram -no tórax, no braço esquerdo e na cabeça. Ele foi levado a um hospital, mas não resistiu.
Castro Filho foi responsável pela decisão de prender o coronel reformado da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, acusado de comandar um esquema de pistolagem. O coronel era da Scuderie Le Cocq, considerada o braço armado do crime organizado no ES. Ele havia sido transferido para o presídio da Papudinha (AC) e está hoje em Dourados (MS).
Um processo corre em segredo de Justiça visando identificar os mandantes do assassinato do juiz.

A mando
O Ministério Público Federal acredita que o crime foi contratado a mando do coronel Ferreira, mas nenhum dos envolvidos denunciou a participação dele. O promotor Fábio Vello, que também participou da força-tarefa, disse que as suspeitas apontam para o coronel e que as investigações seguirão nessa linha.

Defesa
A defesa de Silva e de Souza tentou convencer o júri de que houve latrocínio (roubo com morte). Os dois teriam a intenção de roubar a caminhonete do juiz. Mesmo depois de ter matado o magistrado, a dupla não levou o veículo e fugiu na motocicleta com a qual chegou à cena do crime.
O defensor público Marcos Antônio Farizel, que coordenou a defesa dos réus, afirmou que, devido ao placar apertado do júri, iria apresentar recurso da decisão ainda ontem. "Vamos pedir o recurso de apelação para que ambos, tanto Odessi [Silva] quanto Giliarde [Souza], possam ser submetidos a outro julgamento."


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