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TRANSPORTE
Valor gasto em oito anos já passou custo total previsto; candidatos à prefeitura já haviam prometido entregar trecho
Marta volta a investir em obra do Fura-Fila
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A 17 dias das eleições, a prefeita
de São Paulo, Marta Suplicy (PT),
liberou mais R$ 27,2 milhões para
as obras do Fura-Fila, bandeira do
ex-prefeito Celso Pitta rebatizada
de Paulistão pela atual gestão.
O orçamento paulistano de
2004 para o projeto atingiu ontem
R$ 71,9 milhões -um aumento
de 52% sobre o valor previsto no
início deste ano.
A liberação de recursos adicionais para a obra, um corredor suspenso ligando a zona sudeste ao
centro de São Paulo, é um contra-senso em relação às declarações
de Marta e assessores, que afirmaram neste ano que o Paulistão não
teria prioridade sobre outras
obras -foi escolha da prefeitura
alocar o recurso nesse projeto.
A Folha apurou que a mudança
de rumo foi determinada pela
prefeita -candidata à reeleição- após seus adversários políticos terem declarado que dariam
continuidade ao projeto.
Em janeiro, Marta afirmou que
a obra "não é importante para a
cidade". Desde junho, os três
principais adversários da petista
nas eleições de 3 de outubro
-Paulo Maluf (PP), Luiza Erundina (PSB) e José Serra (PSDB)-
declararam que, se eleitos, terminariam o Paulistão.
Ontem, além de publicar no
"Diário Oficial" do município a liberação dos recursos, Marta deu
voz à inflexão de sua administração. "De todos os candidatos, o
que vai se apressar mais para acabar [a obra], você pode ter a certeza, sou eu. Porque é uma dívida
que é muito desagradável de ter,
para o pessoal da região", disse.
Ela ainda completou: "Mas se
você me perguntar se tenho prazer em fazer aquela obra, [digo
que] não. Acho uma desgraceira".
Marta admitiu que, durante
parte de seu mandato, as obras foram paralisadas por falta de verbas. Por fim, previu a conclusão
do Paulistão para 2006.
Criação do marqueteiro Duda
Mendonça, que hoje trabalha na
reeleição de Marta, o Fura-Fila foi
apresentado aos paulistanos na
campanha eleitoral de 1996 por
Celso Pitta como a solução para o
trânsito na cidade de São Paulo.
O trecho de 8,5 km ligaria o parque D. Pedro, no centro, ao Sacomã, zona sul, a um custo de R$ 210
milhões, em valores atualizados
pelo IPC/Fipe.
Em outubro de 2001, a gestão
petista anunciou que levaria a linha até São Mateus (zona leste),
num total de 22,5 km. Passaria a
atender 150 mil passageiros por
dia -e não mais 35 mil.
O custo saltou para R$ 345 milhões -valor que já foi até superado. Pitta e Marta consumiram
R$ 360,8 milhões na obra, mas,
passados oito anos, as composições ainda não circulam.
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