São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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TRANSPORTE

Valor gasto em oito anos já passou custo total previsto; candidatos à prefeitura já haviam prometido entregar trecho

Marta volta a investir em obra do Fura-Fila

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A 17 dias das eleições, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), liberou mais R$ 27,2 milhões para as obras do Fura-Fila, bandeira do ex-prefeito Celso Pitta rebatizada de Paulistão pela atual gestão.
O orçamento paulistano de 2004 para o projeto atingiu ontem R$ 71,9 milhões -um aumento de 52% sobre o valor previsto no início deste ano.
A liberação de recursos adicionais para a obra, um corredor suspenso ligando a zona sudeste ao centro de São Paulo, é um contra-senso em relação às declarações de Marta e assessores, que afirmaram neste ano que o Paulistão não teria prioridade sobre outras obras -foi escolha da prefeitura alocar o recurso nesse projeto.
A Folha apurou que a mudança de rumo foi determinada pela prefeita -candidata à reeleição- após seus adversários políticos terem declarado que dariam continuidade ao projeto.
Em janeiro, Marta afirmou que a obra "não é importante para a cidade". Desde junho, os três principais adversários da petista nas eleições de 3 de outubro -Paulo Maluf (PP), Luiza Erundina (PSB) e José Serra (PSDB)- declararam que, se eleitos, terminariam o Paulistão.
Ontem, além de publicar no "Diário Oficial" do município a liberação dos recursos, Marta deu voz à inflexão de sua administração. "De todos os candidatos, o que vai se apressar mais para acabar [a obra], você pode ter a certeza, sou eu. Porque é uma dívida que é muito desagradável de ter, para o pessoal da região", disse.
Ela ainda completou: "Mas se você me perguntar se tenho prazer em fazer aquela obra, [digo que] não. Acho uma desgraceira".
Marta admitiu que, durante parte de seu mandato, as obras foram paralisadas por falta de verbas. Por fim, previu a conclusão do Paulistão para 2006.
Criação do marqueteiro Duda Mendonça, que hoje trabalha na reeleição de Marta, o Fura-Fila foi apresentado aos paulistanos na campanha eleitoral de 1996 por Celso Pitta como a solução para o trânsito na cidade de São Paulo.
O trecho de 8,5 km ligaria o parque D. Pedro, no centro, ao Sacomã, zona sul, a um custo de R$ 210 milhões, em valores atualizados pelo IPC/Fipe.
Em outubro de 2001, a gestão petista anunciou que levaria a linha até São Mateus (zona leste), num total de 22,5 km. Passaria a atender 150 mil passageiros por dia -e não mais 35 mil.
O custo saltou para R$ 345 milhões -valor que já foi até superado. Pitta e Marta consumiram R$ 360,8 milhões na obra, mas, passados oito anos, as composições ainda não circulam.


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