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Machismo de ambos os sexos atrapalha a prevenção da doença
da Sucursal de Brasília
A visão machista da sexualidade,
presente tanto em homens como
em mulheres, é um entrave à prevenção à Aids e a outras doenças
sexualmente transmissíveis.
Esse é um dos resultados detectados em pesquisa qualitativa realizada pelo Sesi (Serviço Social da
Indústria) e pelo Ministério da
Saúde com trabalhadores de indústrias brasileiras.
O estudo mostra que o pensamento machista em relação às
práticas sexuais impede a abordagem, entre os parceiros, do uso de
medidas de prevenção a doenças.
"O homem é quem dá as regras.
A mulher tem dificuldades para
pedir ou até mesmo para falar sobre o uso do preservativo, ela tem
muitos medos. O homem, por sua
vez, não abre espaço para discussão. Eles acham que não têm de
usar e ponto", diz Sílvia Regia Yano, coordenadora nacional da
pesquisa.
Enquanto a pesquisa quantitativa estabelece resultados com base
em amostras estatísticas, a qualitativa se baseia na análise do discurso de um grupo selecionado
para o estudo.
A realizada pelo Sesi selecionou
40 grupos de oito a 12 trabalhadores de cinco Estados. Eles fazem
parte de um universo de 4.893 trabalhadores que haviam sido entrevistados em 96 para uma pesquisa
quantitativa. Os grupos foram divididos por sexo, idade e grau de
escolaridade. A idade mínima foi
15 anos, a máxima chegou a mais
de 40 anos. A escolaridade, de
analfabetos a nível superior.
Os grupos eram dirigidos por
um monitor, que seguia um roteiro predeterminado. Sua função
era estimular a livre discussão entre os participantes.
As discussões mostraram que às
mulheres é atribuída a responsabilidade de zelar por uma prática sexual segura em relação à contracepção e a doenças sexualmente
transmissíveis.
"Para o homem, sexo é uma
coisa banal. Para a mulher, não.
Ela encara isso com mais responsabilidade, com mais cuidado. Para os homens nem parece que
existe o perigo da Aids. Eles não se
importam. A mulher é quem tem
de se proteger mais", afirmou
uma das pesquisadas.
Ao mesmo tempo, homem e
mulher desconfiam de traição se o
parceiro ou parceira pedir o uso
do preservativo. E cada um evita
usá-lo para não despertar essa
mesma desconfiança.
A confiança no parceiro é o fator
mais importante alegado pelas
mulheres e pelos homens para o
não uso da camisinha com os maridos ou parceiros estáveis. Elas
consideram ser impossível um casamento ou uma relação estável
sem confiança."Quando a gente
ama, a gente confia. É o que eu falei da mulher, ela confia. Se ela não
confiar, não fica junto", afirmou
uma das mulheres.
O medo de perder o parceiro caso recusem alguma prática sexual
também foi citado pelas mulheres.
Segundo a coordenadora da pesquisa, essa é uma visão presente
em todos os grupos, embora seja
mais forte entre os que têm escolaridade mais baixa.
"O comportamento do homem
não é compatível com a informação que tem. Ele sabe dos benefícios do uso da camisinha, mas não
identifica que ele próprio tem um
comportamento de risco ao não
usá-la", diz Sílvia.
(BB)
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