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EDUCAÇÃO
Parcela da população brasileira que trabalha e tem o antigo 2º grau completo é menos da metade da OCDE
De cada 6 trabalhadores, 1 fez curso médio
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
Estudo realizado pelo Inep, órgão responsável por pesquisas na
área educacional ligado ao Ministério da Educação, revela que 17%
da população economicamente
ativa do Brasil conseguiu concluir
o ensino médio.
Esse desempenho coloca o país
abaixo da média dos países que
pertencem à OCDE. Nesse grupo,
42% da população economicamente ativa completa a escolaridade média -que, no Brasil, era
chamada de segundo grau.
A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos) reúne, em princípio, os
29 países mais industrializados do
mundo. No entanto, entre os
membros da OCDE estão países
com condições econômicas e sociais bastante diversificadas -o
grupo inclui desde países considerados de Primeiro Mundo, como
Estados Unidos e Suíça, a outros
menos desenvolvidos, como Turquia e México.
"O número brasileiro é baixíssimo, levando em conta que apenas
25% da população em idade de
cursar o ensino médio está na escola", diz Guiomar Namo de Mello, do Conselho Nacional de Educação.
Os dados usados no estudo referentes ao Brasil são de 96 e os da
OCDE, de 95. No ano de 96, a população economicamente ativa
com 10 anos ou mais era de aproximadamente 73 milhões de pessoas, segundo o IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
Entre os países analisados, o desempenho brasileiro pode ser
comparado ao da Espanha, onde
15% da população ativa de 25 a 64
anos concluiu a formação média.
No entanto, quando se compara o
desempenho no ensino superior, o
país europeu está melhor: 21% têm
terceiro grau na Espanha contra
11% no Brasil.
Na opinião do educador Francisco Aparecido Cordão, os dados
revelam o principal desafio a ser
superado pelo país nos próximos
anos: expandir e melhorar o ensino médio. "O Brasil precisa
aprender a trabalhar com a clientela popular, que é a população
que está entrando na escola e, ao
mesmo tempo, sendo expulsa dela
porque os professores não sabem
lidar com ela", diz Cordão, que é
vice-presidente da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
Influência do mercado
O próprio Ministério da Educação já elegeu o ensino médio como
a prioridade para os próximos
anos, considerando que a matrícula nesse nível praticamente dobrou desde 1990 -saltou de 3,5
milhões para 6,9 milhões em 98,
conforme dados preliminares do
Censo Educacional deste ano.
"Pode-se afirmar com segurança que a prioridade atribuída ao
ensino fundamental nos últimos
anos tem sido a principal alavanca
para a expansão da matrícula no
ensino médio. Porém, vale acrescentar que esse fenômeno reflete,
sobretudo, as novas necessidades
do mercado de trabalho", analisa
Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais).
Ou seja, a maior exigência do
mercado de trabalho -está cada
vez mais difícil conseguir um emprego sem diploma de segundo
grau- estimula a procura de vagas no ensino médio.
Paralelamente, a melhora do desempenho dos estudantes do ensino fundamental também é um fator de pressão sobre o nível seguinte, o ensino médio. Em 98, a
taxa de escolarização da população de 7 a 14 anos é de 95%.
O investimento no ensino médio
tem de ser acompanhado de melhoria na qualidade e mudança
dos padrões pedagógicos -concentrar sobre o aprendizado e não
sobre o currículo, diz Cordão.
"Os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio, em
fase de conclusão, aliados a uma
política de materiais didáticos e de
formação de professores, apontam no sentido da adaptação às
novas necessidades. Isso não é coisa de curto prazo", diz Guiomar.
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