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ARQUITETURA DA VIOLÊNCIA
Carlos e Claudio saem de casa e voltam mortos
da Folha Ribeirão
Em menos de um ano, a família
de Isabel Alves de Souza, de Ribeirão Preto, perdeu dois filhos em
brigas do tráfico de drogas.
Carlos Alberto de Souza Mateus, 17, saiu de casa, na Vila Albertina (zona norte), na noite de
1º de maio de 97 e não voltou.
Apareceu dois dias depois com
quatro tiros e vários ferimentos.
Com Cláudio, 14, não foi muito
diferente. Um ano antes, ele desapareceu por alguns dias e foi encontrado morto. "Os dois tinham
o costume de sumir por alguns
dias. Mas eu não perguntava o
que faziam", disse Isabel.
Hoje ela tenta ensinar aos outros seis filhos tudo "de bom" para evitar que acabem como os irmãos. "A vida está muito violenta
em Ribeirão. O jeito é ficar presa
em casa. Lá fora a violência "leva" a
gente para longe."
Perfil
O perfil do criminoso de Ribeirão é parecido com o de Uberlândia (jovem, inexperiente), mas
com um agravante: age quase
sempre com o efeito da droga.
Relatório do Ilanud (Instituto
Latino-Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente)
em parceria com o Departamento
de Psicologia e Educação da USP
revela a existência de perseguição
e violência policial contra jovens e
menores de idade em Ribeirão,
como os casos de Carlos e Cláudio. "A polícia vinha aqui em casa
direto atrás dele", afirmou Isabel.
O estudo analisou 101 assassinatos de jovens na cidade entre 1995
e 98. Segundo o Ilanud, 70,73%
dos adolescentes mortos entre 95
e 98 tinham envolvimento com o
tráfico de drogas.
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