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VIOLÊNCIA
Para governador, que antes dizia que crimes eram isolados, mortes são uma resposta à identificação de traficantes
Policiais sofrem represália, diz Garotinho
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Anthony
Garotinho, afirmou ontem que os
assassinatos recentes de policiais
no Estado são uma ação organizada do tráfico de drogas. Segundo
ele, as mortes são uma represália a
um trabalho de identificação de
traficantes desenvolvido em sigilo
há quatro meses pela Secretaria
de Segurança, que resultará em
mais de 200 pedidos de prisão
preventiva nos próximos dias.
"Houve uma reação por parte
dos criminosos que não tinham
passagem pela polícia, que se sentiram mapeados. Já temos todos
identificados, com locais de atuação e tipos de crimes, todos ligados à venda de drogas e armas",
declarou o governador, que antes
dizia que os assassinatos eram crimes isolados.
O trabalho de identificação foi
coordenado pelo subsecretário de
Planejamento da secretaria, coronel Lenine de Freitas, que teve auxílio de delegados e do serviço reservado da Polícia Civil. Segundo
Garotinho, a pesquisa durou quatro meses e identificou mais de
200 jovens de 16 a 25 anos ligados
ao crime organizado.
No Rio, 80 policiais já foram
mortos desde o início do ano. Boa
parte dos casos aconteceu nos últimos dois meses. No dia 5 de outubro, 200 policiais civis protestaram em frente ao prédio da Chefia
da Polícia Civil, no centro do Rio.
O governador rejeitou a versão
de que a maioria das mortes seria
devido a um acerto de contas entre traficantes e policiais corruptos. "Pode até ser que um ou outro policial tenha morrido por
acerto de contas, mas a maioria
morreu por represália dos traficantes ao trabalho da polícia."
Na próxima sexta-feira, ele se
reunirá na Academia de Polícia
Militar com todos os delegados e
comandantes da PM.
"Vou dizer a eles que a polícia
do Rio não deve se sentir amedrontada pelo comportamento
dos criminosos. Já esperávamos
essa reação e não recuaremos."
O governador anunciou ainda
que uma comissão de 15 policiais
civis e militares irá apurar as circunstâncias das mortes. Uma outra comissão com assessores das
secretarias de Administração e de
Segurança Pública irá agilizar o
pagamento das pensões aos familiares dos policiais mortos.
Na noite de anteontem, o inspetor de polícia civil Obertal Bessa
Filho, 56, foi morto ao reagir a
uma tentativa de assalto ao lado
da Vila Olímpica do morro da
Mangueira (zona norte).
Três homens usaram tapumes
de obras da Prefeitura do Rio para
bloquear o carro do policial, que
estava acompanhado da mulher e
da filha de quatro anos. Ambas ficaram feridas no tiroteio.
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