MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O último projeto de lazer da Prefeitura de São Paulo já começou criando polêmica. A idéia de construir pistas para cooper na cidade encontra restrições entre profissionais de saúde e especialistas em educação física. A razão: grande parte delas funcionará nas ruas e avenidas de grande movimento ou próximo a elas.
"A poluição nesses locais não é saudável ao esporte e afeta o rendimento físico", diz Marcos Duarte, professor da Faculdade de Educação Física da USP.
"Correr numa via com alto índice de emissão de poluentes é pior que trabalhar numa garagem. É insalubre e deveria ser proibido", diz o médico Gyorgy Bohm, chefe do departamento de patologia e do laboratório de poluição da Faculdade de Medicina da USP.
O prefeito Celso Pitta (PTN) inaugurou ontem uma pista no canteiro central da avenida Vereador Abel Ferreira (zona leste de SP). Cerca de 100 mil carros passam diariamente pelo local.
O gás carbônico emitido pelos carros impede o transporte de oxigênio pelo sangue, dificultando a respiração. A oxigenação deficiente pode causar desde mal-estar até tonturas.
A próxima pista a entrar em funcionamento fica na praça Zaphira Vieira Leite, no km 15 da rodovia Raposo Tavares (zona sudoeste de SP), por onde passa diariamente uma média de 50 mil veículos -é o trecho mais movimentado das rodovias administradas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
Quando pratica esportes aeróbicos, como a corrida ou mesmo uma caminhada, o organismo tem seu ritmo de respiração acelerado, o que significa que uma maior quantidade de ar é inalado.
Se esse ar está poluído, em vez de melhorar o condicionamento físico, o exercício terá o efeito inverso. Entre as consequências estão a diminuição da resistência do organismo -o que torna a pessoa mais sujeita a doenças como gripe-, o maior risco de contrair infecções respiratórias e a maior propensão a ataques cardíacos e arritmias entre pessoas com problemas do coração.
Pitta admite que o canteiro central não é o local ideal para a prática de cooper. "Mas, numa cidade como São Paulo, com poucas áreas verdes e muitos carros, é praticamente impossível fugir a essa situação", disse ontem.
O professor Marcos Duarte afirma que os locais ideais para correr são os parques e, se não houver outra opção, ruas em quarteirões residenciais e calmos. A cidade de São Paulo tem cerca de 40 parques públicos, geralmente abertos das 9h às 18h.



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