São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Vereadores condenam propostas da prefeitura na área de transportes e defendem reivindicações das viações

Até aliados resistem a projeto de Marta

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta da prefeita Marta Suplicy para a reorganização do transporte coletivo enfrenta a resistência de aliados do governo petista. Vereadores que costumam votar com a atual administração, de partidos como PC do B, PMDB e PL, condenam boa parte das idéias do projeto de lei enviado à Câmara em setembro.
Como tramitam em regime de urgência, essas idéias têm que entrar na pauta de votações antes do dia 27. Marta precisa do voto de 28 dos 55 parlamentares. O PT tem 16 vereadores na Casa.
As principais mudanças exigidas por vereadores aliados coincidem com as reivindicações das viações de ônibus. Por exemplo, a defesa de que as gratuidades para idosos, estudantes, carteiros e policiais sejam bancadas pela prefeitura, e não pelos operadores.
"Não podemos onerar a empresa que vai prestar esse serviço. Se a prefeitura der a gratuidade, não pode ser abusando do chapéu alheio", afirma Antonio Goulart (PMDB), que diz ter convencido dois dos três vereadores do PTB.
O vereador Vicente Cândido (PT) diz que há um "lobby legítimo" das viações. "O projeto tem um grau de polêmica por causa dos interesses econômicos. Mas vamos debater as sugestões."
Outro ponto criticado é aquele que prevê a criação de uma empresa para fazer a gestão financeira do transporte, concentrando a arrecadação e a distribuição dos pagamentos. Marta diz que essa é uma forma de manter controle dos custos e garantir que os recursos excedentes com a arrecadação tarifária sejam investidos no sistema. Alguns vereadores temem atraso no repasse aos operadores, conforme ocorria na gestão Pitta.
"O empresário arrecada e depois tem que mendigar esse dinheiro de volta? Não está certo", afirma Antonio Carlos Rodrigues (PL), que promete "trabalhar contra" se não houver alterações radicais no projeto.
O vereador Alcides Amazonas (PC do B), ex-secretário-geral do Sindicato dos Condutores, é um dos que defendem a isenção dos operadores em relação às gratuidades. "A prefeitura pode subsidiar as gratuidades. É uma forma de não deixar nas costas das viações e evitar aumento de tarifa."
A vereadora Miriam Athiê (PMDB) condena os prazos para a votação. "Todos os projetos em regime de urgência terão dificuldade para passar." O discurso é semelhante ao do oposicionista Gilberto Natalini (PSDB). "É um atropelo para evitar uma discussão mais aprofundada."


Texto Anterior: Morre no Rio compositor da escola Portela
Próximo Texto: Sayad afirma que não irá alterar a proposta do IPTU, apesar das críticas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.