São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2001

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GREVE NAS FEDERAIS

Servidores rejeitam acordo com Paulo Renato; houve confronto na UFRJ

MEC faz nova proposta a professores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA SUCURSAL DO RIO

Apesar do impasse nas negociações com o sindicato dos professores das universidades federais, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ofereceu aos docentes em greve reajuste de 30% na GED (Gratificação de Estímulo à Docência) e na GID (Gratificação de Incentivo à Docência).
A proposta, que não faz parte da pauta de reivindicações da categoria, foi anunciada em uma carta dirigida a todos os reitores e a cerca de 9.000 professores.
"Não trabalhamos com essa hipótese. Isso é uma provocação do ministro Paulo Renato, que se sentiu muito acuado com a manifestação de ontem [anteontem"", disse Roberto Leher, presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior).
Anteontem, o ministro e a primeira-dama, Ruth Cardoso, foram vaiados durante a abertura de um congresso sobre educação.
Para Leher, as disparidades entre ativos e inativos aumentarão com a elevação das gratificações.
Segundo Paulo Renato, essa é a proposta viável a partir do aumento de R$ 250 milhões na dotação orçamentária da Educação para a folha de pagamento dos professores, prometida por líderes do Congresso.
Depois de mais de 20 reuniões, os servidores das universidades federais e o ministério também não conseguiram fechar acordo.
O governo já ofereceu a incorporação total da GAE (Gratificação por Atividade Executiva) aos salários a partir de 2002.
Os servidores exigem a liberação imediata dos salários retidos, a incorporação da GAE a partir do pagamento de outubro e a aprovação do projeto de lei que garante a incorporação.
Segundo Agnaldo Fernandes, coordenador do sindicato dos servidores, apenas 53% do orçamento de folha de pagamento da Educação foi utilizado até outubro. Portanto há verbas para incrementar os salários desde já.
Está marcada para a manhã de hoje reunião entre o ministério e representantes dos grevistas das federais no Palácio do Planalto.

Confronto
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) teve ontem um dia de confronto em razão do pagamento do salário dos funcionários dos hospitais universitários.
Cerca de 300 professores e funcionários em greve e estudantes fizeram piquete na porta do NCE (Núcleo de Computação Eletrônica) para impedir que fosse rodada uma folha de pagamento só para os funcionários dos hospitais.
Mesmo assim, a reitoria anunciou, no início da noite, que haviam sido pagos os salários de 2.930 funcionários.
No início do mês, o ministro Paulo Renato Souza suspendeu o pagamento dos grevistas e também dos funcionários dos hospitais universitários, que não haviam aderido à greve.
Diante do protesto dos hospitais, foi liberada uma verba específica para que as instituições providenciassem o pagamento dos funcionários que furaram a greve.
Ontem, os grevistas impediram a entrada no NCE da técnica que havia começado a elaborar a folha com os nomes de 5.000 pessoas que receberiam seus salários.
Houve tumulto. A principal dificuldade era que, por motivo de segurança, o computador com as informações só podia ser acessado do NCE, cujas portas foram fechadas pelos grevistas.
Cerca de 50 grevistas invadiram a reitoria e entraram no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, onde técnicos tentavam alternativas para rodar a folha.
Foi demitida ontem do cargo a sub-reitora de pessoal da UFRJ, Maria Augusta Tempone, que, segundo funcionários da UFRJ, teria se recusado a fazer a folha em separado para servidores dos hospitais. Procurada pela Folha, a sub-reitora não foi encontrada. A reitoria informou que a demissão não teve relação com a greve.


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