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UNIVERSIDADES FEDERAIS
Alunos de medicina da UFMG dizem que entrarão no mercado de trabalho com desvantagem
Formandos poderão recorrer à Justiça em Minas
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Estudantes de medicina da
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais) que estão no último período escolar anunciaram
que podem recorrer à Justiça, caso a greve de professores e servidores das universidades federais
impeça que o curso seja concluído
ainda neste ano.
Segundo lideranças dos cerca de
160 alunos, se a formatura ocorrer
apenas no ano que vem, eles entrarão no mercado de trabalho
com grande defasagem em relação aos formandos de universidades particulares e ainda poderão
perder a chance de realizar em
2002 as residências médicas -especializações que começam no
início do ano e que exigem, entre
outras coisas, comprovante de
conclusão do curso até 31/12.
Os estudantes vêm realizando
reuniões desde o início da greve
-a dos servidores, iniciada em
julho, e a dos professores, em
agosto- e já chegaram a consultar informalmente alguns advogados sobre a possível ação.
Segundo eles, as disciplinas optativas (teóricas) estão totalmente
paradas e as disciplinas de internato (práticas) funcionam de forma precária, pois o Hospital das
Clínicas -um dos locais onde os
alunos participam de aulas- está
mantendo apenas 30% de seu setor de internações programadas.
Casos
De acordo com Cristiano Guedes Duque, 23, que cursa o último
período de medicina, a greve prejudica os candidatos à residência
não só devido à indefinição sobre
a formatura, mas também porque
eles não podem recorrer, para estudar, à biblioteca da UFMG, que
está fechada devido à greve.
Duque disse que vai concorrer a
uma das vagas para residência
médica na Fundação Hospitalar
do Estado e no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado,
que têm provas no final do mês.
"Muita gente que não quer fazer
residência vai tentar programas
como o Saúde da Família. Só que
a maioria dos que estão se formando em outras universidades
vai entrar em contato com as prefeituras em novembro e dezembro, enquanto a gente ainda está
nesta indefinição."
Segundo Duque, o governo é o
culpado pela greve, porque estaria
sendo intransigente nas negociações. "Professores e funcionários
estão sem reajuste há muito tempo", argumenta.
Seu colega de classe Isaac Azevedo Silva, 25, também diz que vai
tentar a residência médica e afirma que vai encabeçar a ação judicial caso a universidade não garanta a conclusão do curso ainda
neste ano.
Segundo ele, se o internato feito
pelos alunos em hospitais da cidade -que continua funcionando
de forma precária- também for
suspenso devido à greve, a Justiça
se torna o único caminho. "Aí,
não tem mais jeito", diz.
Silva também apóia os professores e funcionários, pois, em sua
avaliação, a greve é resultado dos
baixos salários.
O coordenador-geral do DCE
(Diretório Central dos Estudantes) da UFMG, Cristiano Scarpelli,
21, que cursa o último período de
história, diz que a greve é legítima
-ele participa dela-, mas reconhece que a paralisação pode trazer prejuízos aos alunos.
Ele próprio participa de um
concurso para professor da rede
estadual e diz estar preocupado
com a data em que conseguirá obter a conclusão do curso.
Em 99, mais de 52 mil estudantes se formaram nas federais de
todo o país, segundo os últimos
dados do Ministério da Educação.
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