São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Justiça derruba limite de passageiros em Congonhas

Aviões com mais de 130 pessoas, que haviam sido vetados no aeroporto, estão liberados

Limite afetava principais companhias aéreas do país, que utilizam alguns modelos com capacidade superior a 170 pessoas

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região derrubou a restrição de 130 passageiros para as aeronaves em pousos e decolagens no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O limite afetava as principais companhias aéreas do país, que usam alguns modelos com capacidade superior a 170 pessoas, e havia sido fixado pelo próprio tribunal em 19 de setembro, mais de dois meses depois da tragédia do Airbus-A320 da TAM, com 199 mortos.
A nova decisão do desembargador Roberto Haddad foi tomada anteontem, em resposta a um recurso da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O limite de 130 passageiros era considerado pela agência e pelas empresas como tecnicamente incorreto. Elas alegavam que, para a segurança aérea, só há sentido em restrições ao peso -e, pelo critério fixado, a companhia poderia deixar um avião mais pesado com carga.
O desembargador Haddad, que havia fixado a restrição anterior, acatou a sugestão da Anac de impor os limites de peso definidos pela própria agência para cada tipo de aeronave, por critérios internacionais. Na prática, significa que as aeronaves já podem voltar a Congonhas lotadas de passageiros, desde que mantidas as devidas restrições de peso.
Em sua decisão anterior, Haddad também havia imposto, em caráter liminar, outras restrições ao aeroporto, como a obrigatoriedade de as empresas aéreas fazerem desvios para Cumbica quando houvesse "qualquer defeito mecânico" e de submeter as tripulações a treinamento específico para Congonhas, semelhante ao que existe para quem pousa no Santos Dumont, no Rio -devido à pequena extensão da sua pista.
O desembargador decidiu nesta semana conceder um prazo de 120 dias para que haja esse treinamento das tripulações, por conta da necessidade de uso de simuladores e treinamentos inclusive no exterior.
Ele também esclareceu que as falhas mecânicas para transferir pousos a Cumbica devem ser só as relevantes, que prejudicam a performance do avião. Haddad também determinou que as empresas aéreas que operam Airbus-A320 terão que, no prazo de 30 dias, instalar nas aeronaves os softwares desenvolvidos pela própria fabricante para alertar os pilotos sobre a utilização inadequada dos manetes -situação apontada como um dos fatores contribuintes da tragédia de julho. "Ficou muito mais coerente.
Vai ser restabelecida a normalidade", disse Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (sindicato das empresas aéreas), para quem a limitação de 130 passageiros vinha prejudicando as companhias. "Congonhas está funcionando com uma capacidade muito aquém das suas possibilidades", afirmou Jenkins.
A proibição do TRF de aviões com reversor inoperante (sistema de frenagem) em Congonhas foi mantida. O julgamento original do tribunal foi feito em resposta a pedido do Ministério Público Federal, logo depois do acidente da TAM, para a interdição completa do aeroporto. A Anac informou ontem que não existe posicionamento sobre decisão jurídica, que deve ser cumprida ou questionada.


Colaboraram MAELI PRADO , da Reportagem Local, e a Sucursal de Brasília


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