São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Campeã em ônibus, Teodoro terá 'respiro'

Retirada de 17 linhas intermunicipais significa redução de até 20% dos coletivos que circulam em apenas um trecho da rua

EMTU afirma que, nos próximos anos, vai fazer remanejamento de mais ônibus para estações do metrô

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

O maior movimento de ônibus na hora do rush na cidade de São Paulo não é em nenhum dos corredores exclusivos à esquerda implantados para permitir prioridade e rapidez ao transporte coletivo.
É num pequeno e estreito trecho da rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros (zona oeste), paralela ao corredor Rebouças, que foi contabilizada a maior quantidade desses veículos em pesquisa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em 2010.
Uma das principais razões desse acúmulo de ônibus são as linhas intermunicipais. A partir desta semana, elas darão algum "respiro" à região.
A EMTU (empresa de transporte do governo de SP) decidiu retirar, desde sábado, um quinto dos ônibus intermunicipais que passavam nesse trecho da Teodoro Sampaio.
Esses coletivos, de 17 linhas, tinham origem em municípios da região oeste da Grande SP, como Osasco, Carapicuíba, Embu e Cotia, em direção ao largo da Batata.
Agora, eles têm ponto final na estação Butantã da linha 4-amarela do metrô paulista.
Na prática, a retirada significa 49 veículos a menos na hora de pico nesse quarteirão da Teodoro, entre as ruas Fernão Dias e Cardeal Arcoverde. Dependendo do período, dá uma queda de 15% a 20% de todos os ônibus por lá.
Segundo a EMTU, nos próximos anos haverá um remanejamento de outras linhas intermunicipais -que também deixarão as imediações do largo da Batata para terem ponto final em estações da linha 4 do metrô, como Pinheiros, Vila Sônia e Morumbi.
O mapeamento do lugar com maior quantidade de ônibus na cidade foi feito pela Folha a partir de dados contabilizados pela CET em 28 rotas, incluindo 59 vias.
A média de 339 ônibus por hora pela manhã num trecho da Teodoro superou em mais de 45% a da segunda colocada no ranking, a avenida Eusébio Matoso -que faz parte do corredor de ônibus Campo Limpo/Rebouças/Centro.
Para Ricardo de Oliveira Laiza, superintendente de planejamento da CET, além dos ônibus intermunicipais, a existência de uma faixa exclusiva para coletivos à direita na maior parte da Teodoro (sem ser segregada e sofrendo invasões mais frequentes que nos corredores à esquerda) justifica essa condição.
"Mas são ônibus menores. Na Rebouças são maiores e, portanto, transportam mais gente", afirma Laiza.

INADEQUADA
Especialistas consideram que as características da Teodoro Sampaio não são adequadas para tantos ônibus.
"Ela não é preparada para veículos pesados", diz Jaime Waisman, professor da Escola Politécnica da USP, para quem deveria haver uma racionalização de coletivos.
Luís Antônio Seraphim, especialista em engenharia de tráfego, menciona que, além de "forte comércio lindeiro, ela sofre com a sequência de semáforos e interferências excessivas de automóveis que fazem conversão à direita".
Tudo isso, afirma Seraphim, é prejudicial tanto para os coletivos (que não conseguem ter boa velocidade) quanto para os carros (porque os veículos pesados interferem no fluxo).

LENTIDÃO
Não é à toa que a Teodoro Sampaio foi uma das líderes em lentidão do trânsito na cidade no ano passado, com velocidade inferior a 9 km/h no horário de pico da tarde (um pedestre anda a 5 km/h).
A simples transferência de ônibus da Teodoro para a pista exclusiva da Rebouças, no entanto, não seria solução -porque a velocidade dos coletivos nesse corredor também é baixa, havendo até congestionamento em alguns pontos de embarque no rush.
Em junho deste ano, nos períodos mais críticos, os ônibus rodavam a 11,5 km/h no sentido centro-bairro pelo corredor Campo Limpo/Rebouças/Centro -a velocidade média considerada ideal é superior a 20 km/h.



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