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RETRATO DO BRASIL
Pesquisa do IBGE mostra que, entre 1991 e 2000, aumentou o tempo de união entre homens e mulheres
Cai o número de casamentos em cartório
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Casar "de papel passado" no
Brasil está cada vez menos frequente. Homens e mulheres que
fazem essa opção hoje são mais
velhos do que há dez anos. Os casamentos, mesmo em menos
quantidade, estão mais longos.
Essas são algumas tendências
apontadas pela pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), feita a partir de dados de cartórios.
Em 2000, o tempo médio de duração dos casamentos antes de
ocorrer a separação era de 10,5
anos -um ano a mais do que os
9,5 anos registrados em 1991.
O número de casamentos a cada
mil habitantes caiu de 7,5 em 1991
para 5,7 em 2001.
Para Elisa Caillaux, técnica do
Departamento de Indicadores Sociais do IBGE, os casamentos estão demorando mais para acabar
porque o casal está mais velho.
Portanto, diz ela, mais maduro
para manter um relacionamento.
Segundo a técnica, o fato de hoje
muitos casais primeiro morarem
juntos para só depois decidirem
oficializar em cartório a relação
também explica o aumento no
tempo dos casamentos.
"Uma das hipóteses é que as
pessoas estão casando mais tarde
porque passaram a ter uma vida
íntima em comum, que não precisa ser necessariamente morando
junto, mais cedo", disse a advogada Graça Condé, da Associação
Brasileira de Direito de Família.
Influência das mulheres
Para Condé, a mudança nas características dos relacionamentos
não é a única explicação: "As mulheres estão querendo filhos mais
tarde. Elas também estão mais
voltadas para o mercado de trabalho. Isso tudo faz adiar o casamento".
As mulheres, diz a pesquisa, se
casam mais cedo do que os homens: elas com 26,4 anos, em média, e eles com 29,9 anos em 2001.
Em 1990, tanto mulheres como
homens se uniam mais jovens:
elas (23,5 anos), e eles (26,9 anos).
"As dificuldades financeiras estão alterando o perfil dos relacionamentos. A adolescência foi esticada. As pessoas preferem se firmar no emprego e estudar mais
antes de casar", disse Condé.
Por regiões, o menor número de
casamentos, segundo o IBGE,
ocorre nas áreas mais pobres, onde as pessoas têm mais dificuldade em arcar com os custos de uma
união registrada em cartório.
É o caso do Nordeste, onde o
número de casamentos foi de 4,9
por mil habitantes em 2001. O
mesmo número foi registrado no
Norte. Mais rico, o Sudeste teve a
maior taxa: 6,7 por mil.
Segundo o IBGE, campanhas
para promover casamentos coletivos ajudam a aumentar o número de uniões formais. Foi o que
aconteceu em 1999, quando o Ministério da Justiça estimulou cerimônias do tipo. Naquele ano, a taxa de casamentos chegou a 6,6
por mil habitantes, voltando a cair
para 6 por mil em 2000.
Novo casamento
O IBGE mostra que mais gente
está se casando mais de uma vez,
apesar de o casamento entre solteiros ainda ser o mais frequente.
Em 1990, 93,9% dos casamentos
ocorriam entre pessoas solteiras.
Esse percentual recuou para
88,4% em 2000.
Ainda segundo a pesquisa, dezembro é o mês preferido para a
realização de casamentos. O motivo, segundo o IBGE, é econômico: a liberação do 13º salário.
O mês com o menor número de
uniões é agosto. "Não há uma razão lógica. Mas não dizem que
agosto é o mês do desgosto?", afirma Elisa Caillaux, do IBGE.
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