São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Área piloto de projeto da prefeitura para recuperação do centro passa a ter 242 barracas da noite para o dia

Camelôs invadem a Barão de Itapetininga

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A rua Barão de Itapetininga (centro), que desde junho do ano passado era mantida sem a presença de camelôs por causa de um acordo entre esses trabalhadores e a administração municipal, foi tomada ontem por 242 barracas de ambulantes. Segundo comerciantes locais, a invasão teria sido programada e feita mediante pagamento de propina a um fiscal da Subprefeitura da Sé.
Dois comerciantes e três ambulantes ouvidos pela Folha ontem dizem que a invasão foi combinada na última quarta-feira. Citam um fiscal chamado Jaime como aquele que teria cobrado para fazer vista grossa à presença irregular de camelôs na região.
Para ficar na Barão de Itapetininga, seria preciso pagar entre R$ 20 e R$ 50 por dia, de acordo com o tamanho da barraca. Tripés pagariam R$ 10. Segundo as cinco pessoas ouvidas pela reportagem, a maioria dos ambulantes recém-instalados teria vindo da rua 25 de Março, após o aperto da fiscalização no local.
O comerciante Carlos Beutel, presidente da Ação Local Barão de Itapetininga, programa da Associação Viva o Centro, diz que soube da invasão também na quarta. "No mesmo dia, procurei um assessor do subprefeito da Sé [Sérgio Torrecillas", contei sobre o fiscal chamado Jaime, sobre o pagamento de propina e sobre o dia da invasão", relata.
Ontem, não havia nenhum fiscal na Barão de Itapetininga. A situação, segundo os comerciantes, era pior do que quando a prefeitura iniciou o programa Reconstruir o Centro, há um ano e meio.
Na época, o entorno da Barão de Itapetininga foi instituído quadrilátero piloto, local onde as políticas municipais para a organização do espaço público no centro paulistano, como a organização do comércio informal, seriam aplicadas primeiro.
Na véspera do anúncio da instituição do quadrilátero, a Folha contou as barracas instaladas na Barão de Itapetininga. Havia 197. Ontem, eram 242, algumas das quais, tendas de 9 m2.

Outro lado
O subprefeito da Sé, Sérgio Torrecillas, informou, por meio de sua assessoria, que fiscalizará hoje a Barão de Itapetininga. Afirmou ainda que Torrecillas não foi informado da situação da rua, por assessores ou por fiscais, que passaram pelo local pela manhã e não constataram a invasão dos 242 ambulantes.
A existência de um fiscal chamado Jaime na subprefeitura, nas características descritas pelos comerciantes, foi confirmada. O fiscal, diz a assessoria, desde o dia 15 de novembro último foi deslocado para a rua 25 de Março.
Jaime integra o grupo de 80 fiscais destacados para impedir que 700 camelôs não-licenciados se instalem na 25 de Março e imediações. Somente os que possuem licença da prefeitura -cerca de 80- podem vender no local. Os não-autorizados têm suas mercadorias apreendidas.


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