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SAÚDE / CARDIOLOGIA
Eficiente, prótese cardíaca aumenta risco de trombose
Stents servem para desbloquear artérias onde formam-se as placas de gordura
Especialistas se reuniram para discutir a utilização do dispositivo farmacológico e expectativa é que parecer seja favorável ao produto
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
Há poucos dias, um grupo de
especialistas se reuniu no FDA
para avaliar a segurança do uso
de stents farmacológicos. O debate surgiu em razão de estudo
que apontava aumento do risco
de trombose. Embora a agência
federal americana que fiscaliza
alimentos e medicamentos ainda não tenha se manifestado
oficialmente, espera-se parecer
favorável ao dispositivo.
Os stents são pequenas próteses, como malhinhas de metal, que servem para desbloquear artérias onde formam-se
placas de gordura e mantê-las
abertas. São colocados por
meio de uma angioplastia
quando um cateter é inserido e
leva um balão com o stent. Ao
chegar ao ponto de obstrução, o
balão é inflado, posicionando
definitivamente o dispositivo.
O convencional é usado há
cerca de 20 anos e diminuiu
sensivelmente os riscos da angioplastia com balão. Tem o inconveniente de formar reistenose -espécie de cicatrização
excessiva formada na parede
do vaso-, que pode voltar a entupir a artéria. Isso ocorre em
20% dos pacientes.
Para evitar esse risco, passou
a ser usado também, há sete
anos, o stent farmacológico. O
dispositivo conta com remédios que são lançados em pequenas doses ao longo de um
mês para inibir essa reação do
organismo, diminuindo a freqüência do problema para menos de 5%.
Porém, os stents farmacológicos ficam com as hastes mais
expostas no vaso e aumentam o
perigo de haver uma trombose.
Segundo especialistas, o risco
passou de 0,5% ou 1% para 2%.
"O lado bom é que não há
reobstrução. O ruim é que pode
ter tendência à formação de
coágulo, que pode causar a
trombose. Tudo tem um risco,
mas o benefício tem que ser
maior", afirma Alexandre Abizaid, chefe da seção de intervenção coronária do Instituto
Dante Pazanezze, que esteve
no painel do FDA.
"A primeira conclusão do
FDA, que ainda não emitiu parecer oficial, é que os antiagregantes plaquetários [aspirina
ou clopidogrel] devem ser tomados por um ano. A outra é
que o risco é maior em pacientes mais complexos [que necessitam de inúmeros stents ou
que têm placas de gordura muito longas]", diz Abizaid. "O
mundo criou tanta confiança
nesses dispositivos, que expandiu as indicações para áreas em
que não havia tantos estudos. O
FDA deu uma palavra de cautela para essas situações. A reunião foi muito positiva."
De acordo com Valter Correia de Lima, professor de Cardiologia da Unifesp e autor de
estudos sobre o tema, ocorrem
entre 4 a 5 casos de trombose
tardia por 1.000 pacientes/ano.
"Apesar de raro, é grave porque
metade dos pacientes com
trombose morrem e os outros
têm infarto", afirma. Apesar
disso, o cardiologista considera
o stent farmacológico "um
avanço extraordinário".
"Há duas maneiras de tratar
uma pessoa que tem as artérias
obstruídas por acúmulo de gordura: ou faz a angioplastia com
o stent ou a cirurgia de ponte de
safena", diz Luiz Alberto Mattos, presidente da Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista.
A mortalidade nesse tipo de
cirurgia é de 2% a 3% e podem
ocorrer complicações neurológicas, hemorrágicas ou uma infecção hospitalar.
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