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Rebeca de Angelis, nutrida pela música
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucos sabiam quem era a
habitué discreta que ouvia
"com prazer científico" as
óperas do Municipal de São
Paulo. Pois Rebeca Carlota
de Angelis, mais de 50 anos
de pesquisa em nutrição, cincos livros publicados e "uma
das maiores da nutrição brasileira" pouco ou nada falava.
Nasceu em Buenos Aires e
veio para o Brasil aos 6 acompanhando o pai, maestro regente da orquestra do teatro
Colón em temporada no Brasil -e que decidiu ficar no
país. Com ele aprendeu a tocar piano e a freqüentar óperas. Mas se a mãe cantava, o
pai regia e a irmã optou pela
pintura, ela preferiu "uma
outra arte, mais exata".
Naturalizada brasileira, foi
estudar química na USP. Logo depois de formada, começou a trabalhar no departamento de nutrição -campo a
que se dedicaria toda a vida.
Fez mestrado, doutorado e
pós-doutorado, sempre na
USP. Chegou a ser presidente da Sociedade Brasileira de
Alimentação e Nutrição e
professora visitante em universidades como Oxford.
Levava uma vida tranqüila
ao lado da irmã, que assinava
os desenhos de seus livros
-escritos ao som de música
clássica ininterrupta. "Fome
Oculta" era dos mais reconhecidos.
Mas o último ela não viu
ser publicado -já estava em
coma. Morreu na terça, em
São Paulo, de isquemia cerebral, aos 82. Não tinha filhos.
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