São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Rebeca de Angelis, nutrida pela música

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos sabiam quem era a habitué discreta que ouvia "com prazer científico" as óperas do Municipal de São Paulo. Pois Rebeca Carlota de Angelis, mais de 50 anos de pesquisa em nutrição, cincos livros publicados e "uma das maiores da nutrição brasileira" pouco ou nada falava.
Nasceu em Buenos Aires e veio para o Brasil aos 6 acompanhando o pai, maestro regente da orquestra do teatro Colón em temporada no Brasil -e que decidiu ficar no país. Com ele aprendeu a tocar piano e a freqüentar óperas. Mas se a mãe cantava, o pai regia e a irmã optou pela pintura, ela preferiu "uma outra arte, mais exata".
Naturalizada brasileira, foi estudar química na USP. Logo depois de formada, começou a trabalhar no departamento de nutrição -campo a que se dedicaria toda a vida. Fez mestrado, doutorado e pós-doutorado, sempre na USP. Chegou a ser presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição e professora visitante em universidades como Oxford.
Levava uma vida tranqüila ao lado da irmã, que assinava os desenhos de seus livros -escritos ao som de música clássica ininterrupta. "Fome Oculta" era dos mais reconhecidos.
Mas o último ela não viu ser publicado -já estava em coma. Morreu na terça, em São Paulo, de isquemia cerebral, aos 82. Não tinha filhos.


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