São Paulo, quinta, 17 de dezembro de 1998

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Megaoperação só faz 4 flagrantes

da Reportagem Local

Megaoperação envolvendo 500 homens das Polícias Civil e Militar realizada ontem à tarde na cracolândia, região no centro de São Paulo onde o uso e o tráfico de drogas é mais intenso, havia conseguido, até as 18h, fazer apenas quatro flagrantes de drogas.
Dois foram por uso de drogas e outros dois por tráfico. Foram presos por tráfico um desempregado que portava cerca de 20 pedras de crack escondidas dentro de uma lata de refrigerante e um nigeriano.
A cracolândia é uma região compreendida entre as ruas General Osório, Guaianases, Timbiras e Mauá. Nesse quadrilátero, jovens consomem drogas nas ruas, principalmente o crack (que deu o apelido à região), e em hotéis.
Além dessas autuações, foi feita uma prisão por jogo do bicho e a detenção de cinco pessoas procuradas pela polícia. Ao todo, a polícia havia averiguado 123 pessoas até as 18h. A operação terminou às 20h, mas a polícia disse que só fornecerá os dados completos hoje.
Foram encaminhadas 22 crianças e adolescentes ao SOS Criança e três ao posto móvel de atendimento da Secretaria de Estado da Saúde na rua Prates. Dois dos menores tiveram de ir para o Hospital Psiquiátrico de Vila Mariana. Aparentavam estar drogados.

Outros órgãos
A operação reuniu, além dos policiais coordenados pelo secretário-adjunto da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza, equipes das secretarias da Saúde, do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) e do Corpo de Bombeiros.
"O objetivo dessa operação é mais amplo, não apenas policial. Temos de recuperar esse espaço público, que está sendo privatizado por gente que está à margem da lei", disse Souza.
"A polícia está aqui muito mais para dar apoio", afirmou o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva. "Não esperávamos grandes flagrantes. A nossa preocupação era a conjunção de esforços", disse Silva, referindo-se ao pequeno número parcial de flagrantes de drogas.
A ação contou com 33 mandados de busca e apreensão destinados aos hotéis da região. Em muitos deles é que ocorrem o tráfico e o consumo de drogas.
Segundo o diretor do Contru, Carlos Alberto Venturelli, a maioria dos hotéis da região estão em péssimas condições de funcionamento. No entanto, até as 19h, ele não sabia quantos estabelecimentos poderiam ser interditados.
"Um dos problemas das interdições é que as pessoas não respeitam o lacre e invadem o imóvel fechado pela prefeitura. Nesse caso, precisaria uma intervenção da polícia", disse Venturelli.
Segundo ele, alguns hotéis da cracolândia representam perigo para a população porque fazem ligação elétrica diretamente na rede da Eletropaulo.



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