São Paulo, Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000


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SAÚDE
Em 99, 70 pessoas se contaminaram com a doença e 25 morreram; desde 93 não se registram tantos casos
Casos de febre amarela dobram em 99

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Os casos confirmados de febre amarela silvestre (leia quadro nesta página) no Brasil dobraram de 98 para o ano passado, passando de 34 pessoas infectadas em 98, com 15 mortes, para pelo menos 70 no ano passado, sendo que 25 pessoas morreram.
Desde 93, quando 83 pessoas tiveram febre amarela silvestre (74 delas no Estado do Maranhão), não eram registrados tantos casos no país. Em 97, apenas três pessoas haviam sido infectadas, 2 no Pará e 1 em Rondônia.
Dois Estados, Pará e Tocantins, foram responsáveis por 74% dos casos registrados no ano passado. No Pará, 36 pessoas foram infectadas pelo mosquito Haemagogus, que transmite a doença em sua forma silvestre -31 delas viviam na Ilha de Marajó, que já havia registrado surto em 98.
No Tocantins, foram registrados 16 casos, com 5 mortes.
Goiás, onde três turistas contraíram a doença na região da Chapada dos Veadeiros em dezembro, aparece em terceiro lugar entre os Estados com maior número de casos registrados no ano passado: nove, embora só seis já tenham sido notificados no Ministério da Saúde.
Goiás não registrava casos de febre amarela silvestre desde 94, quando um morador de Goiânia que havia ido pescar no rio Formoso (na divisa entre Goiás e Tocantins) sem ter tomado a vacina foi infectado e morreu.

Macacos
Apesar da diferença de três casos registrados em 97 contra pelo menos 70 no ano passado, o Ministério da Saúde não acredita que a febre amarela esteja fora de controle e nega que tenha havido descaso no combate à doença.
"Nunca vacinamos tanta gente quanto em 98 e 99. Todas as medidas de vigilância epidemiológica estão sendo tomadas", diz Jarbas Barbosa, diretor do Cenepi (Centro Nacional de Epidemiologia). Em 98, 11,9 milhões de pessoas foram vacinadas em todo o país, sobretudo nos Estados das regiões Norte e Centro-Oeste e no Maranhão, onde a febre amarela silvestre é endêmica.
Até outubro de 99, 12,5 milhões de pessoas já haviam sido vacinadas. "Antes de 98, quando iniciamos uma campanha para intensificar a vacinação, a média anual de pessoas que recebiam a antiamarílica era de 2 milhões. Hoje, entre 70% e 80% das pessoas que vivem em áreas endêmicas já foram vacinadas", diz Barbosa.
Para o diretor do Cenepi, o aumento de 100% no número de casos registrados de 98 para 99 tem duas explicações: o aperfeiçoamento no sistema de registro da vigilância epidemiológica e o fato de a ocorrência da febre amarela silvestre em macacos ter atingido seu ápice no ano passado.
"O número de casos detectados apresenta grande variação anual em decorrência da própria variação cíclica da doença nos macacos. A cada cinco ou sete anos, há picos da endemia entre os macacos, que resultam num aumento de casos na população em geral", diz Barbosa.
A febre amarela silvestre é transmitida para o homem depois que o Haemagogus pica o macaco, se torna depositário do vírus e pica o homem. A forma urbana da doença é transmitida pelo Aedes aegypt e está erradicada do país desde 1942.
Segundo ele, os picos surgem a cada sete anos porque esse é o tempo que leva para que surja uma nova geração de macacos suscetíveis ao vírus depois da última epidemia.
"Após a epidemia entre os animais, um grande número morre e outros ficam imunes à doença. Para que surja uma nova geração suscetível ao contágio é preciso esperar cinco ou sete anos. E os casos na população em geral acompanham esse ciclo."
Ele também não considera anormal o fato de terem sido registrados casos na Chapada dos Veadeiros, fora da área de Goiás em que é mais comum a ocorrência de casos.
"Em 88 e 89, chegamos a registrar casos no Triângulo Mineiro. Tudo depende do movimento migratório dos macacos."


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