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SAÚDE
Em 99, 70 pessoas se contaminaram com a doença e 25 morreram; desde 93 não se registram tantos casos
Casos de febre amarela dobram em 99
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Os casos confirmados de febre
amarela silvestre (leia quadro
nesta página) no Brasil dobraram
de 98 para o ano passado, passando de 34 pessoas infectadas em 98,
com 15 mortes, para pelo menos
70 no ano passado, sendo que 25
pessoas morreram.
Desde 93, quando 83 pessoas tiveram febre amarela silvestre (74
delas no Estado do Maranhão),
não eram registrados tantos casos
no país. Em 97, apenas três pessoas haviam sido infectadas, 2 no
Pará e 1 em Rondônia.
Dois Estados, Pará e Tocantins,
foram responsáveis por 74% dos
casos registrados no ano passado.
No Pará, 36 pessoas foram infectadas pelo mosquito Haemagogus, que transmite a doença em
sua forma silvestre -31 delas viviam na Ilha de Marajó, que já havia registrado surto em 98.
No Tocantins, foram registrados 16 casos, com 5 mortes.
Goiás, onde três turistas contraíram a doença na região da
Chapada dos Veadeiros em dezembro, aparece em terceiro lugar entre os Estados com maior
número de casos registrados no
ano passado: nove, embora só seis
já tenham sido notificados no Ministério da Saúde.
Goiás não registrava casos de febre amarela silvestre desde 94,
quando um morador de Goiânia
que havia ido pescar no rio Formoso (na divisa entre Goiás e Tocantins) sem ter tomado a vacina
foi infectado e morreu.
Macacos
Apesar da diferença de três casos registrados em 97 contra pelo
menos 70 no ano passado, o Ministério da Saúde não acredita
que a febre amarela esteja fora de
controle e nega que tenha havido
descaso no combate à doença.
"Nunca vacinamos tanta gente
quanto em 98 e 99. Todas as medidas de vigilância epidemiológica estão sendo tomadas", diz Jarbas Barbosa, diretor do Cenepi
(Centro Nacional de Epidemiologia). Em 98, 11,9 milhões de pessoas foram vacinadas em todo o
país, sobretudo nos Estados das
regiões Norte e Centro-Oeste e no
Maranhão, onde a febre amarela
silvestre é endêmica.
Até outubro de 99, 12,5 milhões
de pessoas já haviam sido vacinadas. "Antes de 98, quando iniciamos uma campanha para intensificar a vacinação, a média anual
de pessoas que recebiam a antiamarílica era de 2 milhões. Hoje,
entre 70% e 80% das pessoas que
vivem em áreas endêmicas já foram vacinadas", diz Barbosa.
Para o diretor do Cenepi, o aumento de 100% no número de casos registrados de 98 para 99 tem
duas explicações: o aperfeiçoamento no sistema de registro da
vigilância epidemiológica e o fato
de a ocorrência da febre amarela
silvestre em macacos ter atingido
seu ápice no ano passado.
"O número de casos detectados
apresenta grande variação anual
em decorrência da própria variação cíclica da doença nos macacos. A cada cinco ou sete anos, há
picos da endemia entre os macacos, que resultam num aumento
de casos na população em geral",
diz Barbosa.
A febre amarela silvestre é
transmitida para o homem depois que o Haemagogus pica o
macaco, se torna depositário do
vírus e pica o homem. A forma
urbana da doença é transmitida
pelo Aedes aegypt e está erradicada do país desde 1942.
Segundo ele, os picos surgem a
cada sete anos porque esse é o
tempo que leva para que surja
uma nova geração de macacos
suscetíveis ao vírus depois da última epidemia.
"Após a epidemia entre os animais, um grande número morre e
outros ficam imunes à doença.
Para que surja uma nova geração
suscetível ao contágio é preciso
esperar cinco ou sete anos. E os
casos na população em geral
acompanham esse ciclo."
Ele também não considera
anormal o fato de terem sido registrados casos na Chapada dos
Veadeiros, fora da área de Goiás
em que é mais comum a ocorrência de casos.
"Em 88 e 89, chegamos a registrar casos no Triângulo Mineiro.
Tudo depende do movimento
migratório dos macacos."
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