São Paulo, Terça-feira, 18 de Janeiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Detentos fizeram 130 reféns em cadeia de Piracicaba; um preso morreu e 3 policiais ficaram feridos
Rebelião em SP termina após 23 horas

da Folha Campinas

da Reportagem Local

A rebelião da Cadeia Pública de Piracicaba (170 km de SP) terminou ontem após 23 horas com três policiais feridos e um preso morto. Cerca de 130 pessoas -a maioria familiares dos presos, entre elas 25 crianças- foram mantidas reféns pelos detentos.
Entre os reféns estava um bebê de 9 dias, Jonathan, que havia sido levado pela mãe ao presídio para o avô, que está preso, conhecer. A criança ficou 26 horas e meia no cadeião. Após ser libertado, o bebê foi levado para um pronto-socorro, onde foi examinado e liberado.
Os reféns começaram a ser liberados por volta das 13h15 de ontem. Eles não ficaram feridos, mas 42 deles foram atendidos no posto de saúde da Vila Rezende.
Os presos que ocupavam a cadeia começaram a rebelião antes de uma tentativa de resgate frustrada. A cadeia tem capacidade para 512 presos e abrigava 670.
Ao contrário do que a polícia pensava, eles já estavam armados dentro das celas e, por isso, conseguiram render os carcereiros.
O motim estourou no setor de triagem, que fica entre o portão principal e a entrada dos pavilhões. Os detentos, segundo funcionários, renderam dois carcereiros minutos antes da chegada do primeiro carro de resgate.
Uma funcionária do cadeião conseguiu sair, trancou o portão e chamou reforço da PM. O plano era sair do presídio e encontrar dois carros do lado de fora.
Antes disso, soltariam outros presos para enganar a polícia.
Os ocupantes desses veículos foram recebidos a tiros pelos policiais que estavam do lado de fora do presídio.
A polícia encontrou baterias de aparelhos celulares dentro das celas, com os quais os detentos estariam se comunicando com os homens envolvidos no resgate.
Dentro do cadeião, mais de 50 presos ocuparam o setor administrativo, as muralhas e as torres de observação.
Eles também invadiram o almoxarifado da cadeia e roubaram uma metralhadora, seis espingardas calibre 12, seis pistolas e 11 revólveres calibre 45.
A polícia suspeita que os parentes entraram com as armas no presídio e abriu inquérito para apurar o caso.
Houve troca de tiros com policiais militares que se reuniram na frente da cadeia para conter a rebelião. Dois policiais civis foram feridos e o soldado da PM Waldemar Rota levou um tiro no olho.
Até as 18h30 de ontem, Rota estava internado em coma induzido no Hospital dos Plantadores de Cana de Piracicaba.
Pelo menos 20 presos fugiram no resgate. Nenhum deles havia sido encontrado até o final da tarde de ontem.


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