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ADMINISTRAÇÃO
Apenas dois vereadores comparecem a audiência pública na Câmara para debater mudanças no IPTU
Para Sayad, teto evitará críticas ao governo
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário João Sayad (Finanças) disse ontem que um dos motivos para o governo Marta Suplicy (PT) agora propor tetos de
reajuste no IPTU 2003 é para evitar críticas à prefeitura "por alguns aumentos exagerados". Para
Sayad, os tetos ainda "garantem
justiça tributária".
O secretário procurou explicar
por que não citou a necessidade
de adotar os limites de reajuste
quando o projeto do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) foi votado pela Câmara.
Segundo ele, a medida não foi
citada porque a administração
não a considerava relevante sob o
ponto de vista do impacto na arrecadação.
Sayad, contudo, disse que o governo tinha feito simulações de
cálculos usando o teto e pretendia
usá-lo para negociar com os vereadores a aprovação do projeto
do IPTU, no ano passado.
O mesmo já havia dito Marta,
que responsabilizou os vereadores pela aprovação do projeto original, da própria administração,
sem alterações.
Ontem, o projeto que estabelece
os tetos recebeu pouca atenção da
Câmara. Dos 55 vereadores, apenas 2 -Dalton Silvano (PSDB) e
Nabil Bonduki (PT)- participaram de audiência pública para debater o tema com Sayad.
A proposta, feita no último dia
13 pela prefeita, estabelece limite
de 20% para aumento do IPTU de
imóveis residenciais e de 25%, para os demais. Ela poderá reduzir o
IPTU de 246,7 mil do universo de
1,57 milhão de imóveis pagantes.
"É um impacto da ordem de R$
63 milhões, o que justifica minha
observação tão bem documentada na audiência pública anterior à
aprovação da lei", disse Sayad, citando a redução de receita esperada pela adoção dos tetos. A arrecadação total é estimada em R$
1,9 bilhão.
A declaração também foi uma
referência à revelação feita pela
Folha de que Sayad descartou a
necessidade de tetos em audiência feita dias antes de o IPTU ser
aprovado sem limites de reajuste.
Mesmo sem o teto, segundo a
administração, a maioria dos
contribuintes (84,4%) terá aumento entre 7% e 25%. Apenas
3.100 imóveis (o equivalente a
0,2% dos que pagam o imposto)
terão percentual superior a 100%.
Os maiores reajustes recaem sobre os que, no ano passado, tinham desconto ou foram beneficiados pelo teto que então vigorava. Em 2002, havia desconto no
imposto dos imóveis com valor
venal de R$ 50 mil a R$ 120 mil.
Agora, o benefício valerá apenas
para os de valor venal de R$ 50 mil
a R$ 100 mil.
Há também os contribuintes
que saíram da faixa de isentos
-residências com valor venal até
R$ 50 mil em 2002- devido à
correção do valor venal, em 7%.
Para 1.796 imóveis, o aumento
será superior a 200% se o teto não
for instituído.
"Esse impacto de 250%, esse número espetacular, jornalístico, é
um número enganoso. Ele não
ilustra o contribuinte sobre as dificuldades ou não que ele vai ter",
disse Sayad, usando como argumento o valor absoluto do imposto, não a porcentagem de aumento. "O sujeito que pagou zero,
porque estava isento, deveria pagar R$ 10 e vai pagar R$ 25. Teve
aumento de 250%."
Com a audiência de ontem na
Câmara, que foi acompanhada
por menos de 25 pessoas na platéia, o projeto que estabelece tetos
para o IPTU agora depende de
avaliação de comissões para ser
submetido à primeira votação.
A votação final só poderá ocorrer após a segunda audiência pública, marcada para o próximo
dia 24. Para aprovar o projeto, serão necessários 28 votos.
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