São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

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PM é acusado de mandar matar vizinhos

O cabo José Aparecido Ferreira foi preso pela corregedoria da corporação; 3 pessoas morreram e 2 ficaram feridas

O ataque aconteceu na tarde de domingo, na zona norte de São Paulo; parente relatou que existia uma rixa antiga entre as famílias

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O cabo da Polícia Militar José Aparecido Ferreira foi preso pela corregedoria da corporação, na madrugada de segunda-feira, sob suspeita de ter participado da chacina ocorrida na tarde de domingo e que vitimou três pessoas no Jardim Brasil (zona norte de São Paulo), na mesma rua onde ele mora.
Minutos antes, uma das vítimas da chacina, Vera Cristina Molina, 39, havia discutido com uma das filhas do cabo, que é seu vizinho. A discussão, segundo o que investiga o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), começou por causa de um carro parado na mesma rua.
Além de Vera, também foram mortos a tiros a filha dela, a estudante Tamires Molina Keith, 19, e o namorado da jovem, o vendedor Rafael da Rocha, 21. Outras duas pessoas foram baleadas pelos assassinos, mas não correm risco de morte. Todos estavam na calçada.
A reportagem não conseguiu contato com Ferreira, que está incomunicável na carceragem da Corregedoria da PM, ou com seus familiares.
Durante anos, o cabo Ferreira foi integrante da Corregedoria da Polícia Militar. Uma das duas filhas e um genro dele também são da corporação. Assim como o cabo, todos estão sendo investigados.
Um sobrinho de Ferreira é suspeito de ter liderado a matança na tarde de domingo.
O delegado Fábio Guedes Rosa, da Delegacia de Homicídios Múltiplos do DHPP, deverá pedir à Justiça a prisão preventiva do cabo e de seus parentes policiais nos próximos dias.
De acordo com um parente de Vera e Tamires, que pediu para não ter seu nome revelado por temer represálias, a rixa entre as duas famílias se arrastava havia mais de cinco anos.
"Eu escutei os tiros do meu quarto. Quando cheguei, os olhos delas ainda estavam piscando, mas eu não consegui salvá-las", disse o parente de Vera.
Desde domingo, os parentes de Vera contam com escolta da polícia para retornar à casa onde ocorreram as mortes. Dois carros da PM vigiam, 24 horas por dia, a casa onde o cabo vive com a família, localizada quase na frente do imóvel onde ocorreu o crime.
Recém-chegada da Suíça, onde foi trabalhar e estudar, Tamires iria se casar com o namorado Rafael no fim de fevereiro. Os dois jovens iriam morar no mesmo bairro, onde Tamires vivia com a mãe havia 12 anos.
Procurado pela reportagem, o delegado Fábio Guedes Rosa, do DHPP, informou, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública, que só pretende se manifestar sobre a prisão do cabo da PM ao fim das investigações e "que todas as hipóteses são apuradas nesse momento."


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