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TRÁFICO DE DROGAS
Polícia Federal descobre a 'rota sul', que passa pela Argentina e Uruguai e por três Estados brasileiros
Sul do Brasil integra nova rota da cocaína
SERGIO TORRES
enviado especial a Brasília
A calha do rio da Prata, na Argentina, e a região Sul do Brasil integram a nova rota da cocaína enviada da América do Sul para a Europa. A descoberta da "rota sul"
resulta de investigação conjunta
de órgãos de segurança dos países
do Mercosul -Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai.
Na avaliação dos investigadores,
incomodados com o aperto da repressão na região amazônica, os
cartéis da cocaína instalados na
Colômbia inverteram o pólo do
comércio de parte da droga traficada entre o continente e os países
da Europa.
Desde o início do ano passado, as
polícias do Mercosul têm feito
apreensões de cocaína em locais
onde antes o tráfico praticamente
não atuava.
É o caso do rio da Prata, navegado por embarcações que seguem
para a Europa a partir de metrópoles como Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), e dos
Estados sulistas brasileiros (leia
texto nesta página).
A polícia da Argentina já apreendeu este ano, em navios e localidades próximas ao rio da Prata, cerca
de três toneladas de cocaína.
Amazônia
Com informações da PF (Polícia
Federal) brasileira e das polícias
nacionais do Uruguai e do Paraguai, os agentes argentinos descobriram que a cocaína apreendida
abasteceria Itália, França e Espanha, que costumavam receber a
droga a partir de uma rota que
atravessava a região amazônica
brasileira.
Controlada pelos cartéis, a "rota
sul" começa na Colômbia, atravessa um pequeno trecho do território brasileiro (Amazonas e Acre)
em sentido vertical, passa pela Bolívia e chega ao norte da Argentina.
Da Argentina, a droga pode seguir para o rio da Prata ou ser enviada para o Brasil através do Paraguai.
Quando a segunda opção é a preferida dos traficantes, a cocaína
entra no Brasil pelo Paraná (região
das cidades de Foz do Iguaçu e
Guaíra), descendo por terra para
Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul.
No Brasil, a droga tem como destino prioritário as cidades portuárias dos Estados da região Sul, como Itajaí (Santa Catarina), Paranaguá (Paraná) e Rio Grande (Rio
Grande do Sul). Desses portos, ela
é exportada para a Europa.
A transferência do norte para o
sul do tráfico internacional de cocaína já vinha sendo investigada
pelos órgãos de segurança do Mercosul desde o ano passado, quando começaram a se intensificar as
ações policiais na Amazônia.
As apreensões realizadas na Argentina e no Sul do Brasil no primeiro semestre mostraram que as
suspeitas policiais tinham fundamento.
O diretor-geral da PF, Vicente
Chelotti, disse à Folha que a troca
de informações sobre o tráfico internacional de cocaína entre as
forças de segurança dos países do
Mercosul permitiu as apreensões
da droga e a identificação da "rota
sul". "Quando começamos a
apertar na Amazônia, avisei ao
pessoal da Argentina que iam pipocar casos lá embaixo. Não deu
outra", declarou Chelotti.
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