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VIOLÊNCIA
Polícia conta com testemunha que viu quando o corpo do regente foi abandonado em bairro da zona norte do Rio
Coral de 500 canta em enterro de maestro
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O corpo do maestro Armando
dos Prazeres Sousa foi enterrado
ontem à tarde no cemitério São
Francisco Xavier (Caju, zona norte) ao som de sua maior paixão:
músicas eruditas religiosas, entoadas por cerca de 500 pessoas.
O maestro regia a orquestra Petrobrás Pró-Música e vários corais
do Rio. Ele foi levado por três homens na noite de quinta-feira,
quando parou o carro na porta da
creche onde havia ido apanhar o
filho caçula, de 5 anos, em Laranjeiras, tradicional bairro de classe
média da zona sul do Rio.
O delegado Álvaro Lins disse que
a polícia localizou uma testemunha do momento em que o corpo
do maestro foi deixado numa rua
do bairro de São Cristóvão.
Segundo o delegado, que foi ao
enterro, essa pessoa tentou socorrer Prazeres e chamou a polícia.
Quando os policiais chegaram, ele
estava morto.
A ex-mulher do maestro, Gláucia Oliveira, viu quando ele foi detido pelos três homens na porta da
creche. Os depoimentos dela e da
testemunha são considerados fundamentais para elucidar o caso.
A família pensou tratar-se de um
sequestro-relâmpago, para retirada de dinheiro em caixas automáticos. De fato, houve seis saques
nas contas do maestro, somando a
quantia de R$ 700.
A família procurou a Delegacia
Anti-Sequestro. No sábado, sem
contato, a DAS orientou a família
a procurar o IML. O filho mais velho do regente, Armando Sousa,
identificou o corpo, achado na
noite de quinta-feira, em São Cristóvão (zona norte). O maestro foi
morto com um tiro na nuca.
Nascido em Portugal, o maestro
Prazeres veio para o Brasil criança.
Era um dos maiores especialistas
do país na regência de corais. Na
primeira visita do papa João Paulo
2º ao Brasil, em 1980, regeu 2.000
vozes numa apresentação no aterro do Flamengo (zona sul).
Prazeres começou a aprender
música erudita no seminário e
chegou a pensar em ser padre. Optou pela música, mas manteve o
amor pelas peças religiosas.
Há 11 anos fundou a orquestra
Petrobrás Pró-Música, com 63
músicos. Por insistência do maestro, o grupo alternava apresentações em salas culturais e em comunidades carentes.
Para homenagear seu criador e
regente, a orquestra Pró-Música
poderá mudar de nome, passando
a se chamar orquestra Maestro Armando dos Prazeres.
O enterro foi marcado pela comoção dos filhos da vítima e de
muitas pessoas que descobriram
com o regente a paixão pela música. "Eu nem conhecia música e ele
me fez descobrir que nas minhas
cordas vocais havia beleza, harmonia", disse o auxiliar administrativo Carlos Fogaça, integrante
do coral dos Correios.
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