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POLÊMICA
Magistrado disse que lei "não obriga a ser covarde"
Juiz recebe críticas por frase sobre promotor acusado de homicídio
DA REPORTAGEM LOCAL
A polêmica sobre a liberdade
provisória dada ao promotor
Thales Ferri Schoedl, 26, ganhou
força por conta de uma frase. A lei
"não obriga ninguém a ser covarde", disse o desembargador Sinésio de Souza na reunião no Tribunal de Justiça que, por 13 a 11, relaxou anteontem a prisão do réu,
que agora está em férias.
Em 30 de dezembro, o promotor matou um jovem e feriu outro
após discussão em Bertioga, no litoral paulista. A defesa alega que a
namorada de Schoedl foi ofendida e ele, acuado. A acusação diz
que a razão dos 12 disparos foi fútil: uma gracinha com a jovem.
A reação à frase ganhou definições que vão de "machista e anacrônico" a "corretíssimo". Souza
diz que a frase tinha um contexto.
Professor da PUC, Adilson Dallari ligou o direito do promotor
de andar armado "à responsabilidade quanto ao uso da arma".
"Lamentavelmente, o Poder Judiciário, que já havia entendido ser
dispensável o exame de aptidão
técnica e psicológica para o porte
de arma por tais autoridades, agora conferiu a elas o direito de matar, sob o fundamento machista e
anacrônico de que a lei "não obriga ninguém a ser covarde"."
Jairo Saddi, advogado e professor do Ibmec (Instituto Brasileiro
de Mercado de Capitais), criticou
o Ministério Público por não recorrer da decisão "lamentável" do
TJ. Ele cita outra frase de Souza,
de que pessoa acompanhada "não
é obrigada a ouvir sem reação gracejo desse porte [gostosa]".
Já o criminalista Eduardo César
Leite, conselheiro da OAB-SP, vê
base legal na argumentação "corretíssima". "Não estou dizendo
que o rapaz deve ser absolvido,
mas há todas as características de
que foi homicídio privilegiado [e
não qualificado]", disse, citando o
Código Penal -crime por motivo relevante, sob emoção ou
quando é provocado pela vítima.
O desembargador justificou ontem as frases dizendo que, "pelo
que constou das provas", Schoedl
só "agiu em legítima defesa".
"Houve o gracejo e ele [Schoedl]
reclamou; depois disso, foi perseguido e agiu em legítima defesa."
"Quis dizer que ninguém está
obrigado a ouvir gracejos sem
reação", afirmou Sinésio de Souza, mas "não quer dizer que tenha
de disparar uma arma". "Não estou falando para ninguém sair atirando por aí nem pregando a institucionalização do faroeste."
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