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Prefeitura vai gastar R$ 34 milhões para entregar leite a estudantes pelo correio
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração Gilberto
Kassab (DEM) vai gastar R$ 34
milhões para enviar pelo correio as latas do Leve Leite a 750
mil crianças da rede municipal
de ensino neste ano letivo.
O desconto no contrato da
Nestlé será de R$ 6 milhões. A
empresa venceu a licitação para atuar no programa e agora
não vai precisar mais entregar
o produto nas escolas.
A medida ocorre em um momento em que a prefeitura reduz uma série de gastos por
conta da crise econômica. Em
janeiro, Kassab anunciou que
iria congelar R$ 6,9 bilhões,
mais de 25% do Orçamento.
Os Correios foram contratados por notória especialização.
A Nestlé, que fornece o leite Ninho, venceu a licitação para o
serviço em dezembro.
O prefeito, que em 2008 disputou a reeleição, exibiu na
campanha na TV latas que aludiam ao leite Ninho, "do rótulo
amarelinho". Dizia que, com
ele, o leite "era de qualidade".
Após fechar os contratos licitados, a Nestlé deveria receber,
incluindo aí os serviços de entrega, cerca de R$ 169 milhões
por ano da prefeitura, ou R$
8,51 por kg de leite em pó.
Agora, como vai entregar as
latas em apenas um local, vai
receber R$ 8,20 por kg.
O vereador Antonio Donato
(PT) afirma que vai entrar com
uma representação no Ministério Público Estadual contra a
medida. "O prefeito está compensando a Nestlé, que, apesar
do desconto, vai lucrar ao entregar num lugar só", diz.
Já o vereador Cláudio Fonseca (PPS), que preside o sindicato municipal dos profissionais
em educação, elogia a medida.
"É altamente positivo, pois tínhamos salas transformadas
em depósitos de leite", afirma.
"Se os profissionais voltarem
para as crianças o tempo que
gastavam com a entrega do leite, terá valido o custo."
O Leve Leite foi instituído na
cidade ainda gestão Paulo Maluf (1993-1996). Trata-se de um
programa de distribuição de
leite em pó para crianças que
frequentam 90% das aulas. A
gestão Kassab afirma que a distribuição do produto tem o objetivo de "desonerar" os funcionários das escolas do serviço.
A Secretaria Municipal de
Educação diz que, mesmo com
a diferença entre o desconto
dado no contrato da Nestlé e o
que será pago aos Correios, a
atual gestão gasta com o programa bem menos do que as
administrações anteriores.
"A prefeitura chegou a pagar
pelo leite Popó, há alguns anos,
R$ 9,55. Um leite ruim, entregue nas escolas (cerca de 1.300
pontos de atendimento)", disse
a secretaria à Folha.
"Hoje, o que a prefeitura está
fazendo é pagar R$ 9,77 [somados gastos da Nestlé e dos Correios] por leite Ninho entregue
em centenas de milhares de
pontos, que são as casas de cerca de 800 mil alunos. Portanto,
para oferecer um serviço de
melhor qualidade, estão sendo
gastos R$ 0,22 a mais."
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