São Paulo, Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999
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Motivo de mortes é banal

e da Reportagem Local

Grande parte dos assassinatos ocorridos em São Paulo durante o Carnaval deste ano ocorreu por motivos banais, como brigas de trânsito, em bailes ou entre vizinhos. Entre as supostas causas dos crimes também aparecem conflitos com traficantes e assaltos. Uma das vítimas foi morta por não ter dinheiro.

MORTE NA ESCOLA - Renato dos Santos Pinto, 16, foi morto com cinco tiros no último dia de Carnaval no pátio de uma escola municipal de São Paulo. Ele foi fuzilado quando, segundo seus pais, jogava bola com outros dez garotos por volta das 22h na escola José Alcântara Machado Filho, no Real Parque (zona sudoeste).
"Não imagino o motivo do crime. Uma coisa é certa, queriam pegar o meu filho", disse José Leão. Segundo o tio do garoto, Raimundo Costa, Renato tinha abandonado os estudos há um ano. Costa disse que o garoto costumava ir ao colégio, uma ou duas vezes por semana, à noite para jogar bola.
Já colegas de Renato afirmaram que o rapaz e outros quatro ou cinco amigos costumavam invadir o colégio à noite para usar drogas. Eles disseram que Renato pode ter sido morto por causa de suposta dívida com traficantes.

BALA PERDIDA - Luís Fernando dos Santos Silva, 5, foi atingido na perna por uma bala perdida no Limão (zona norte). Ele estava atravessando a rua Sampaio Correa com o pai na mesma hora em que três homens trocavam tiros. Heitor Miranda, 20, envolvido no tiroteio, morreu.

BAILE - Às 3h45 de segunda-feira, Sebastião Ferreira dos Santos, 21, e Luciano Santos, 23, foram mortos a tiros em uma briga em um baile em Osasco (Grande São Paulo). Até ontem, ninguém havia sido preso.

IRMÃ - O segurança Carlos Damasceno, 24, matou a própria irmã e um vizinho em um bar do Jardim Horizonte Azul (zona sul de SP) na noite de domingo, de acordo com a polícia. Segundos os policiais, ele flagrou a irmã discutindo com uma vizinha. Ao não obter resposta sobre o motivo da briga, começou a atirar. A vizinha e o dono do bar foram feridos.

SEM DINHEIRO - O pedreiro Cristiano José dos Santos, 25, foi morto a tiros às 2h de domingo na avenida Sapopemba (zona sudoeste) porque não tinha dinheiro para dar aos assaltantes.

BRIGA NO TRÂNSITO -O instrutor de auto-escola Ricardo Donizette Ferreira, 23, foi morto pelo motorista da Viação Isaura Aristeu Gomes Ferreira Junior, 30, na noite de domingo, segundo a polícia. Irritado porque o ônibus passou sobre uma poça e espirrou lama em seu Fiat 147, o instrutor teria resolvido segui-lo até o ponto final, na Cohab Prestes Maia (Cidade Tiradentes). Segundo a polícia, ele então entrou no ônibus e começou a discutir com o motorista, que sacou um revólver e o matou. Antes de fugir, ele ainda feriu Clayton Donizette Coutinho, 24, amigo de Ricardo, segundo a polícia.

REAÇÃO - Um ciclista não identificado foi morto com dois tiros após reagir a um assalto na avenida Alcides Sangirard (zona oeste de SP). O crime foi anteontem às 12h45, próximo à ponte Ary Torres, no último dia de Carnaval.
Segundo a polícia, ele levou um tiro na cabeça e outro no ombro. O rapaz foi socorrido pelo comerciante Edgard Louis Sader, 41. A polícia do 34º DP (Distrito Policial), onde o crime foi registrado, ainda não tem informações sobre a identidade do ciclista. O Hospital das Clínicas e o IML (Instituto Médico Legal) informaram que nenhum familiar compareceu para reconhecer o corpo. A bicicleta não foi encontrada.


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