São Paulo, Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Para vereadora, há racha sobre como votar caso de corrupção nas regionais
Governistas adiam mais uma vez CPI

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

O motivo dos sucessivos adiamentos para votação de duas propostas para criar uma CPI para investigar as denúncias de corrupção nas administrações regionais é um só: não há uma posição definida da bancada de apoio ao prefeito Celso Pitta sobre o que e como votar.
A bancada, que tem maioria na Câmara, está dividida em pelo menos três blocos diferentes, segundo a vereadora Miriam Athie (PPB).
1- Votar favorável à proposta de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) feita pelo vereador José Eduardo Cardozo (PT).
2- Aprovar a CPI proposta pelo vereador Brasil Vita (PPB) e só iniciar a investigação após a conclusão da apuração que está sendo feita pelo Ministério Público. Ainda assim, deixar de fora da apuração os vereadores, os secretários e o prefeito.
3- Propor e aprovar uma outra CPI, que ampliaria a investigação de denúncias para os últimos 20 anos.
"Mas não podemos mais ficar nessa indefinição. Não pode passar da semana que vem. Se a posição da bancada for votar contra a proposta do PT, vamos ter que assumir isso. Não dá mais", declarou ontem à Folha a vereadora Athie.
Ela disse que a posição dos governistas poderia ser definida em uma reunião que aconteceria ontem à tarde.
O desabafo da vereadora sobre o impasse para votar a CPI tem fundamento.
Ontem, pela quinta sessão consecutiva, houve manobra da bancada governista para não colocar a CPI em votação (veja quadro abaixo).
Nenhum vereador da bancada assume, mas a sessão que começou ontem com 30 vereadores só tinha presença confirmada de 17 quando foi pedida verificação pelo vereador Brasil Vita.
A sessão precisava da presença de 19 parlamentares para continuar. Mesmo estando em plenário, ao não responder chamada, eles são considerados ausentes.
Dos 13 que "desapareceram", 9 eram do PPB. Os outros eram do PMDB, PFL, Prona e PT.
"Foi outra manobra. Eles pediram verificação de presença em um momento que não era necessário e preferiram encerrar a sessão", disse o vereador Cardozo.

Vidente
Ontem, antes mesmo de a sessão ser encerrada, o presidente da Câmara, Armando Mellão (PPB), já tinha uma previsão de que isso ocorreria.
"Agora há 28 vereadores em plenário. Para mim, é como se tivesse 14", disse cerca de 15 minutos antes do encerramento da sessão.
A frase do vereador e presidente da Câmara era um resumo da quantidade de votos que governistas e oposição tinham ontem, caso a proposta de criação de CPI fosse colocada em votação.
Ou seja, mesmo que fosse à votação, nem governistas nem vereadores da oposição conseguiriam ontem os 28 votos para aprovar ou vetar qualquer proposta de CPI.


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