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CRISE NO RIO
Antropólogo soube da demissão pela imprensa, em São Paulo
Garotinho fechou com a "banda podre", diz Soares
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho (PDT), "fechou" com a "banda podre" da
polícia ao optar pela demissão do
coordenador Luiz Eduardo Soares como forma de resolver a crise
na área de segurança do Estado.
A análise é do próprio antropólogo exonerado, que soube da decisão do governador pela imprensa, em São Paulo.
""Ele preferiu me retirar e manter a aliança que fez. Eu o alertei
muito sobre as implicações do
acordo com o grupo Astra e com a
banda podre", afirma.
O grupo Astra a que se refere
Soares é formado por inspetores e
detetives considerados na Polícia
Civil como os mais implacáveis
"caçadores de bandidos" do Rio.
O problema é que, atrelada à fama de competência profissional,
existe no governo a suspeita de
que seus integrantes costumam
usar métodos ilegais de investigação e apuração. Também pesam
sobre eles as acusações de extorquir dinheiros de criminosos e
praticar sequestros de traficantes.
Segundo Soares, o governador
autorizou em dezembro que pessoas desses grupos assumissem
importantes cargos na Polícia Civil. O coordenador, na época, perdeu o chefe da Polícia Civil Carlos
Alberto de Oliveira, segundo ele,
""fritado" pelos comandados.
A intenção de Garotinho, de
acordo com Soares, era produzir
resultados no combate aos criminosos. ""Sob a máscara da eficiência se aprofunda o crime."
Ele diz que na polícia não há
possibilidade de acordos, principalmente com aqueles que querem impedir avanços e têm interesses escusos. ""Outros governos
falharam com as alianças."
A banda podre, se contrariada,
teria poderes para pressionar o
governo com a ajuda da opinião
pública. Para isso, bastaria minar
as ações policiais e, de certa forma, reduzir o controle do crime.
O antropólogo acha difícil agora
que as mudanças que vinham
sendo implantadas no Estado tenham sucesso.
Poderes
Quem cunhou a expressão
"banda podre" para se referir aos
policiais suspeitos de envolvimento com o crime foi o ex-chefe
de Polícia Civil Hélio Luz -hoje
deputado estadual pelo PT e crítico ferrenho de Garotinho. Ontem,
o governador disse que a expressão foi criada por ele em 1993.
Em 1995, ao assumir o cargo,
Luz afastou os policiais da "banda
pobre", delegando poder a novos
delegados. Os novatos fracassaram e ele teve de convocar os desafetos ao trabalho.
Os convocados formaram o
grupo Astra. Os dez integrantes
eram ligados a equipes de delegados como Elson Campello, Antônio Nonato da Costa e Luiz Mariano, afastados do serviço sob
suspeita de ligação com bicheiros.
Graças ao grupo Astra, foram
presos os principais traficantes do
Rio, como Uê, Robertinho de Lucas e Miltinho do Dendê.
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