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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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FEBEM

Entre a noite de anteontem e a tarde de ontem ocorreram dois motins no complexo da instituição em Franco da Rocha (Grande SP)

Diretor é ferido ao tentar conter 28ª rebelião do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor de uma unidade de Franco da Rocha da Febem ficou ferido ontem ao tentar negociar sozinho com 39 adolescentes que participavam da 28ª rebelião do ano no complexo. Entre a noite de anteontem e a tarde de ontem houve duas rebeliões envolvendo três das seis unidades e 189 dos 655 internos do local. Para a Febem, houve apenas 14 rebeliões em suas unidades no ano.
Às 12h30 de ontem, os 39 jovens da unidade conhecida como internato iniciaram uma rebelião reivindicando a ampliação até as 14h dos horários de visita, que é feita nas manhãs de sábado e de domingo.
Além disso, os adolescentes pediam que não precisassem usar uniformes durante as visitas.
No início da rebelião, o diretor da unidade, William Freire, foi sozinho tentar negociar com os adolescentes e acabou sendo agredido. Ele levou oito pontos na cabeça. Depois da saída do diretor, sete funcionários entraram na unidade para continuar as negociações. Eles só foram liberados por volta das 15h.
Cerca de oito horas antes, terminava uma outra rebelião no complexo. Por volta de 20h de anteontem, alguns internos da unidade 21 se rebelaram e pularam um muro, invadindo a unidade 29, que também se amotinou. No total, há 150 adolescentes nas duas unidades.
Na confusão, 54 jovens conseguiram fugir pulando o muro. Até a tarde de ontem, 26 adolescentes haviam sido recapturados. Seis funcionários foram feitos reféns, sendo que os três últimos foram liberados à 1h30.
A situação nas duas unidades só foi controlada totalmente por volta das 4h da madrugada de ontem, com a volta dos internos para os dormitórios.
Ontem foram demitidos por justa causa 27 funcionários condenados em sindicância interna por facilitar que internos da unidade 31 se rebelassem no dia 12 de janeiro. No dia, logo após a situação estar sob controle, todos os 34 funcionários que estavam de plantão foram afastados. Seis deles voltaram a trabalhar antes de aberta a sindicância, e outro foi absolvido após as investigações.
Para o sindicato dos funcionários da Febem, as demissões "foram políticas e não jurídicas". Segundo o presidente do sindicato, Antônio Gilberto da Silva, os funcionários irão recorrer da decisão e farão greve de fome para pedir a abertura de uma CPI para apurar as condições da Febem. A Febem informou que há provas da participação dos funcionários.


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