São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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SEQÜESTRO RELÂMPAGO

Outros integrantes do grupo foram identificados; grupo abordava as vítimas na chegada ou na saída de casa

Polícia prende 2 que agiam em Perdizes

ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"

Quase que diariamente, entre dois horários específicos - das 6h às 7h e das 20h às 23h30-, homens bem-vestidos, quase sempre a bordo de carros caros, apareciam nas ruas da zona oeste da capital, principalmente nas vias do bairro nobre de Perdizes, para praticar um dos crimes que mais aterrorizam os paulistanos: o seqüestro relâmpago.
Ontem, depois de se prepararem para novamente entrar em ação, dois desses homens -Alexandre da Silva, 24, e Lucas Barbosa de Oliveira, 24- foram presos graças a um trabalho de inteligência dos policiais do 23º DP (Perdizes), que os caçavam pelo bairro havia quase dois meses (leia texto nesta página).
Silva -condenado a 12 anos por roubo e foragido da Justiça- e Oliveira foram surpreendidos no cruzamento das ruas Capital Federal e Aimberê.
Eles embarcavam em um Honda Fit preto, roubado na semana passada e com o qual teriam praticado outros crimes.
Durante a prisão, houve tiroteio. Silva foi ferido na perna direita. Um terceiro homem acusado de integrar a quadrilha conseguiu escapar do cerco policial.

Grupo organizado
Outros cinco integrantes da quadrilha foram identificados e são agora caçados pela Polícia Civil. Eles são suspeitos de terem praticado, desde o início do ano, mais de 20 seqüestros relâmpagos -sendo que duas das vítimas desses casos eram juízes.
Segundo a delegada Nair Silva de Castro Andrade, o grupo se aproveitou das características geográficas do bairro de Perdizes, que é cheio de morros.
"Eles aproveitavam as grandes ladeiras de Perdizes e as ruas com iluminação fraca para abordar as pessoas no horário em que as vítimas iam ou voltavam do trabalho. Muita gente que voltava ou ia para a escola levar os filhos também foi pega por esse homens", afirmou a delegada.

Astúcia
Para não serem reconhecidos, Silva e Oliveira, assim como seus comparsas, agiam sempre em grupos de quatro.
Dois deles abordavam a vítima e seguiam com ela no carro. Os outros utilizavam um veículo diferente para ir até os caixas eletrônicos efetuar os saques.
Dessa forma, os criminosos que ficavam com as vítimas nunca seriam reconhecidos por meio das gravações feitas pelas câmeras instaladas pelos bancos nos caixas eletrônicos.
Em muitos casos, além de dinheiro, os criminosos roubavam jóias, celulares, cheques e cartões de crédito das vítimas.
Os criminosos costumavam levar até mesmo o carro para utilizá-lo em futuras abordagens.

Outro lado
Ontem, o advogado dos acusados, Oscar Serra Bastos Júnior, disse que não iria se pronunciar sobre a prisão.


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