|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Isenção total de ISS para indústria que invista R$ 1 milhão/ano na região é ilegal, avaliam tributaristas
Marta lança seu projeto para a zona leste
FABIO SCHIVARTCHE
AMARÍLIS LAGE
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), anunciou ontem seu
projeto de revitalização da zona
leste da cidade. Um de seus principais pontos, que dá isenção total
de ISS (Imposto sobre Serviços)
para indústrias que investirem
mais de R$ 1 milhão por ano na
região, fere emenda à Constituição de 2002, que estabelece a cobrança mínima de 2%.
Detalhe: foi o ex-secretário das
Finanças de Marta, João Sayad, o
principal articulador dessa emenda no Congresso Nacional. Queria evitar a guerra fiscal.
A proposta da prefeitura faz
parte de um pacote de três projetos de leis com a finalidade de incentivar a industrialização e a recuperação urbanística da zona
leste da cidade. Hoje, a região destaca-se pelo baixo índice de desenvolvimento humano, com
enorme adensamento populacional e carência de infra-estrutura,
além de ter uma das maiores taxas
de desemprego da cidade.
A pedido de Marta, os três projetos -que serão usados em sua
campanha de reeleição- vão tramitar em regime de urgência na
Câmara. Líderes petistas esperam
votá-los até o final de maio.
Pela proposta do Executivo, investimentos acima de R$1 milhão
por ano poderão ter isenção total
do ISS sobre a construção civil.
Mas, de acordo com a emenda
constitucional 37, de junho de
2002, o ISS não pode ser objeto de
isenção ou benefício de modo a
tornar a alíquota inferior a 2%.
A Folha ouviu quatro advogados especializados em direito tributário sobre a constitucionalidade da proposta. Apenas um deles,
Raul Haidar, não vê problemas.
Para Anis Kfouri Júnior, o projeto pode provocar justamente o
que a emenda constitucional tentou evitar: a guerra fiscal entre os
municípios -proibida pela
Constituição. "Você não pode ter
uma isenção total, uma vez que a
lei obriga o ISS a ter alíquota mínima de 2%", afirmou. O advogado ressalta que beneficiar apenas
as construções civis fere o princípio da igualdade, pois favorece
uma categoria em detrimento de
outros setores tributados.
De acordo com Branislav Kontic, coordenador do Programa de
Desenvolvimento Econômico da
Zona Leste, a legislação municipal
já permite a isenção de ISS sobre
construção civil em investimentos voltados para a moradia social, o que abre um precedente para a medida anunciada pela prefeitura. Ressaltou que não é jurista e que a versão final do projeto
de lei estava sendo analisada ontem pela Secretaria das Finanças.
Antes e depois
Em 2000, no primeiro turno da
eleição municipal, a zona leste
deu a Marta Suplicy 38% dos votos válidos. O desenvolvimento
da região era parte das promessas
de campanha da petista.
Além das mudanças no ISS, o
plano fiscal para a zona leste prevê
isenção do IPTU (imposto predial) por até cinco anos e do ITBI
(imposto sobre transmissão de
bens imóveis). Os outros dois
projetos são de qualificação da
mão-de-obra local e de melhorias
no sistema viário da região.
Propõe também a criação de
fundação municipal para administrar centros de ensino técnico e
superior, construídos com recursos federais, com foco em saúde,
engenharia e administração, com
o intuito de fornecer mão-de-obra qualificada às empresas que
se estabelecerem na região.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Prefeita vai processar Clodovil por ataques Índice
|