São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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BARBARA GANCIA

Estrela brasileira vai para o beleléu

A realidade é uma só: mesmo recebendo os R$ 2,5 bilhões do processo judicial ganho contra o governo, a Varig nunca conseguirá saldar dívidas e contingências trabalhistas que já chegam a R$ 9 bilhões. O rombo é tão astronômico que, em vez de "Varig, Varig, Varig!", o jingle da empresa já deveria, há muito, ter mudado para "Passivo, passivo, passivo!"
Não adianta inventar soluções mágicas, como a que foi sugerida dias atrás, de alugar a valiosa marca Varig. Se aviões e tripulações fizerem parte do pacote de aluguel, o passivo da Varig também não terá obrigatoriamente que ser herdado pelo inquilino?
O governo dá sinais de desânimo em encontrar uma salvação para a empresa que um dia foi motivo de orgulho para os tapuias. A curto prazo, a liquidação judicial da Varig traria um pepino e tanto para o Planalto, que seria obrigado a entregar o grosso do transporte internacional às empresas estrangeiras.
Mas, a médio e a longo prazos, será que a TAM e a Gol, que vêm gradualmente tomando o mercado interno das mãos da Varig, não poderiam absorver (a preços de mercado, naturalmente) frota e funcionários de nível técnico da Viação Aérea Rio-Grandense?
Claro, essa solução deixaria sem emprego toda a turma de colarinho branco da Varig. Mas, não seria mais aceitável ver a empresa ir de vez para o beleléu do que continuar a premiar sua ineficiência e sua não-rentabilidade com dinheiro público?
Em outros tempos, a própria Varig não absorveu a PanAir? A Pan Am não afundou? A Pony Express não faliu e milhares de pombos não ficaram desempregados quando Alexander Graham Bell patenteou o telefone? A Remington não foi reduzida a pó de múmia quando a Microsoft lançou o micro caseiro? O mundo gira e a Lusitana roda.

 

Sobre os protestos misóginos da Igreja Católica em relação à lúcida proposta do ministro da Saúde, Humberto Silva, que desobriga mulheres de apresentar boletim de ocorrência para realizar abortos legais em caso de estupro, vale lembrar uma conversa famosa entre João Paulo 2º e a paquistanesa Nafis Sadik, chefe do Fundo para Atividades Populacionais das Nações Unidas. No Vaticano, em 1994, Sadik tentava sensibilizar o papa sobre o direito de livre escolha das mulheres, quando o pontífice perdeu a paciência e, gritando, perguntou: "A senhora não acha que o comportamento irresponsável dos homens é causado pelas mulheres?"

QUALQUER NOTA

Ilusão interrompida
Quer dizer que Wall Street considera Severino Cavalcanti "um problema"? Pois é bom que os financistas internacionais percebam que Severino tem mais cara de Brasil do que Fernando Henrique, Armínio Fraga e Celso Lafer juntos.

Vida nova
A demissão de Larri Passos foi uma lufada de ar fresco. Só falta agora o Guga contratar uma assessoria de imprensa um pouco mais profissional.
Sanduíche-íche-íche Esta é imperdível: acesse já o site www.sanduiche.cjb.net/ e assista à versão remix da entrevista com a nu-nu-tricionista!

@ - barbara@uol.com.br

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