|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Abalo sísmico provocou onda gigante no AM, diz estudo
Há risco de novos incidentes devido a falha geológica no Amazonas, segundo pesquisadores, que aconselham governo a remover famílias ribeirinhas
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Um abalo sísmico, sem intensidade definida, foi o que
provocou a onda gigante que,
no início do mês, atingiu a margem direita do rio Amazonas,
próximo a Parintins (AM), segundo estudos de dois especialistas em fenômenos geológicos
e geográficos da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).
O abalo provocou a onda gigante, estimada em 10 m de altura, e fez desmoronar uma
área de 297.600 m2 de barranco, abrindo uma cratera equivalente a 30 hectares na comunidade Costa da Águia.
O Corpo de Bombeiros de
Parintins havia estimado em
2.800 m2 a área desmoronada,
o que foi descartado agora pelo
estudo do geólogo Hailton Siqueira da Igreja e do geógrafo
José Alberto de Carvalho, já
que o estrago foi maior.
Eles passaram três dias analisando o fenômeno na localidade. Os moradores da comunidade Costa da Águia relataram a eles que sentiram um estrondo seguido de tremor -sinais do abalo sísmico.
O abalo sísmico aconteceu
em 2 de março, por volta das
11h (12h em Brasília), ocasionando a onda, que surgiu no rio
Amazonas a 300 metros da comunidade e foi seguida de deslizamentos e desmoronamentos abruptos. A área atingida
pela onda virou uma enseada
do rio Amazonas.
O fenômeno destruiu duas
casas de madeira (palafitas) de
Costa da Águia (45 km de Parintins) e plantações de subsistência e econômica, como malva e juta, num raio de 480 m.
A onda arremessou ainda jacarés, peixes e duas pequenas
embarcações para fora do rio.
Um homem desapareceu.
Segundo a Defesa Civil de
Parintins (369 km de Manaus),
as 33 famílias que haviam sido
afastadas inicialmente da área
atingida já regressaram. A dupla sugere que as famílias sejam retiradas da área atingida,
pois há risco de novos abalos.
"É uma região frágil, suscetível
à erosão acelerada", diz Igreja.
Outra comunidade, a Saracura, que fica a 5 km da Costa da
Águia, também está condenada, segundo o geógrafo José Alberto de Carvalho. "A área da
Enseada da Saracura é a de
maior risco, sujeita ao novo fenômeno [abalo sísmico]."
Igreja diz que nessa região do
rio existe uma falha geológica
que propicia os abalos sísmicos. Ocorrências foram registradas em 1973, 1994 e 1997,
mas não com ondas gigantes.
"É uma zona de falhas geológicas, com repetidos movimentos tectônicos e, portanto, pequenos abalos sísmicos."
Carvalho, que é especialista
no fenômeno de "terras caídas"
(deslizamento de barrancos no
rio Amazonas) e suas conseqüências sociais, disse que as
famílias atingidas continuam
sob o impacto do medo.
"Encontramos muitas pessoas assustadas porque não
conseguem entender o fenômeno", disse Carvalho.
Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Como calcular o risco de ser jovem Próximo Texto: Contra enchente, moradores fecham rua Índice
|