São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2010

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"Nunca tinha ouvido falar no Glauco", diz Iasi

Estudante que levou acusado à chácara do cartunista na quinta-feira passada reafirma que deixou local antes de assassinatos

Segundo ele, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes afirmou, apontando-lhe uma arma, que precisava "ir ao Daime" para "resolver umas coisas"

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Felipe de Oliveira Iasi, 23, estava em sua casa, preparando o trabalho de conclusão de curso na faculdade, quando Carlos Eduardo Sundfeld Nunes ligou, na quinta-feira passada.
O convite era para dar uma volta e "fumar um cigarro de maconha". Para não chamar a atenção da mãe e da irmã, com quem mora no apartamento em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), deixou a televisão do quarto ligada e saiu.
Iasi conduziu Nunes em seu carro até a chácara de Glauco, mas diz que foi sequestrado, ameaçado com uma arma e que fugiu antes dos assassinatos do cartunista e de seu filho, Raoni.
Ontem, no escritório do seu advogado, ele falou à Folha.

 

FOLHA - Como você conheceu o Carlos Eduardo?
FELIPE IASI -
Por um amigo do colégio.

FOLHA - O que aconteceu na noite de quinta-feira?
IASI -
Fui buscá-lo, perguntei da maconha e ele não falou nada. Depois, disse que era sequestro e que tinha que ir ao Daime resolver umas coisas.

FOLHA - Ele disse o que tinha de resolver?
IASI -
Não. Quando chegamos ao sítio, ele começou a se equipar. Tinha muita bala e uma faca enorme.

FOLHA - Você sabia que aquela era a casa do Glauco?
IASI -
Eu nunca tinha ouvido falar no Glauco. Não sabia que ele era cartunista. Porque a minha geração não é de ler jornal.

FOLHA - Vocês chegaram a fumar o cigarro de maconha?
IASI -
Nem chegamos.

FOLHA - Vocês conversaram no caminho?
IASI -
Ele não falava nada com nada. Só dizia o seguinte: "Se sair bala, você se abaixa e, se morrer alguém, você chama a polícia e diz que fui eu".

FOLHA - Como você fugiu?
IASI -
Quando o Raoni chegou, eles ficaram no quintal discutindo. No que eu vi que não estava sob a mira dele, fugi. Tinha uma garota, que havia chegado com o Raoni. Quando eu passei pela menina, falei: "Chama a polícia".

FOLHA - Por que você não chamou a polícia?
IASI -
Fiquei com medo de ele vir à minha casa, ameaçar todo mundo. Fiquei transtornado, não sabia o que fazer. Pensei: "Tomara que consigam acalmá-lo, que fique tudo bem".


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