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TABAGISMO
Dependente nega perigo à própria saúde
Fumante não acredita em alertas sobre riscos
da Reportagem Local
Os fumantes sabem que o cigarro
faz mal, mas acreditam que, com
eles, nada vai acontecer. Para
quem fuma, o risco para a saúde é
sempre dos outros.
Duas pesquisas realizadas nos
EUA apontam para o problema e
mostram que a maioria dos fumantes não acredita estar sob mais
risco de ter problemas do coração
e de desenvolver diferentes tipos
de câncer.
Um dos estudos, realizado por
uma equipe da Faculdade de Medicina de Harvard, pesquisou 3.000
pessoas. Um quarto deles afirmou
ser fumante. Desses, 60% disseram
não acreditar no risco pessoal de
ficar doente.
Em outro estudo, este publicado
na revista da Associação Médica
dos EUA, o resultado foi semelhante. De um grupo de 737 fumantes, só 29% disseram acreditar
que os seus riscos pessoais são
maiores em relação aos não-fumantes.
O secretário da Saúde, José Serra, disse na terça que quer tornar "menos sutis" a advertência sobre os perigos do cigarro. Atualmente, as propagandas e os maçso de cigarro vêm acompanhados de advertências sobre as doenças que o cigarro pode causar.
Segundo o pneumonologista José Roberto de Brito Jardim, da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), o fenômeno é bem conhecido. "Os fumantes realmente
acham que com eles nada vai acontecer. Temos estudos feitos aqui
em São Paulo que apontam para o
mesmo tipo de conclusão. Mais de
60% dos fumantes têm vontade de
largar o cigarro, mas muitos não
conseguem", diz ele.
Ele diz que de cada dois fumantes, um vai morrer por doenças relacionadas ao cigarro. O médico
diz ainda que os fumantes vivem
dez anos menos que os não-fumantes, em média.
Segundo Jardim, a dependência
do cigarro é tão difícil de superar
como o vício por cocaína e outras
drogas.
"É o mesmo mecanismo. O organismo do fumante sente falta da
nicotina. Por isso, a dificuldade em
deixar o vício. O tabagismo hoje é
considerado uma doença e o dependente precisa de ajuda especializada para deixar de fumar."
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira (Unifesp), o fumante sofre
de um estado de "otimismo irreal",
em que não avalia de forma correta
o risco que corre adotando comportamentos considerados de risco, como o de fumar.
"As pessoas que vivem em situações consideradas de risco sempre
tentam negar o risco. Um estudo
realizado na Inglaterra com motoqueiros apontou um resultado semelhante. Os motoqueiros conseguiam apontar os riscos de usar
uma motocicleta, mas não conseguiam identificar o mesmo risco
em nível pessoal", afirmou.
Existem pelo menos 40 doenças
relacionadas diretamente ao cigarro. Cânceres como o de pulmão,
boca, esôfago, intestino, entre outros, além de doenças como aneurismas e derrames são mais comuns em quem fuma.
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