DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), disse ontem que não houve influência de políticos na anulação de multas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). "Hoje a administração da CET é estritamente técnica, com quadros técnicos e com uma atuação técnica", disse o prefeito durante um evento na zona oeste. "Se existisse [influência de políticos], seria punida com muito rigor", acrescentou.
Em entrevista à Folha, o ex-funcionário da CET Hugo Carlos de Almeida, demitido sob a acusação de comandar um esquema de anulação de multas de trânsito entre 2004 e 2005, afirmou que cancelou algumas infrações depois de ser procurado por assessores de políticos e de partidos.
Almeida disse ter recebido pedidos de pessoas do PSDB, partido do ex-prefeito José Serra, e também do PT, da ex-prefeita Marta Suplicy, além do PV.
Uma comissão de sindicância da própria CET apontou a anulação indevida de 6.554 infrações de trânsito, que totalizaram R$ 1,08 milhão. Um total de 26 empregados da companhia -alguns em cargos de chefia- estavam entre os beneficiados.
O ex-funcionário disse só ter anulado as multas por analisar que os argumentos dos assessores de políticos eram procedentes.

Investigação
O Ministério Público Estadual de São Paulo abrirá uma investigação sobre o suposto esquema de anulação de multas de trânsito que beneficiava políticos.
O promotor Sérgio Turra Sobrane disse que iria um instaurar procedimento investigativo ainda ontem. O processo deve ser distribuído hoje a outro promotor.
"A admissão do ex-funcionário da CET é muito grave. Levanta questionamentos sobre como ele teve acesso ao sistema que anula as multas. Também temos de ouvir os beneficiados para saber se houve influência política ou não", afirmou Sobrane. (LUÍSA BRITO e FABIO SCHIVARTCHE)

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