São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Perícia analisa fralda e toalha com traço de sangue

As peças estavam no varal do apartamento de onde Isabella Nardoni foi jogada

Hipótese é que os tecidos tenham sido utilizados para limpar o sangue do corte na testa da menina; será feito exame de DNA

DA REPORTAGEM LOCAL

Vestígios de sangue foram encontrados em uma fralda e em uma toalha que estavam no varal do apartamento de onde Isabella Nardoni, 5, foi jogada na noite de 29 de março.
Os peritos do IC (Instituto de Criminalística) e delegados do 9º DP (Carandiru) que trabalham no caso tentam descobrir, por meio de exame de DNA, se as manchas correspondem ao sangue da menina Isabella.
Se o exame for positivo, os delegados do caso querem saber se quem jogou Isabella do sexto andar do edifício London, por um buraco feito na tela de proteção da janela, usou a fralda ou a toalha para limpar o sangue que escorria da testa da menina, onde havia um corte de cerca de dois centímetros.
As peças chegaram ao IC terça-feira, depois de os peritos recolherem a fralda e a toalha de um varal do apartamento, já lavadas. Pelo menos sete perícias já ocorreram no imóvel. Internamente, os peritos do IC criticam a polícia por não ter isolado o apartamento.
Segundo um médico legista ouvido pela Folha, que falou sob anonimato, é "tecnicamente possível" que o ferimento na testa de Isabella tenha deixado de sangrar pelo fato de ela ter sofrido uma tentativa de asfixia antes de ser jogada pela janela do apartamento do pai.
Com a respiração comprometida, o organismo naturalmente tende a "drenar" o sangue para as regiões mais importantes do corpo, como os órgãos. Partes periféricas, como a ponta dos dedos e a testa, acabam ficando sem sangue.
Isso explica porque, ao ser achada caída no jardim do edifício, Isabella, segundo as pessoas que a viram, não sangrava no ferimento da testa.
Outra hipótese é a de que a fralda e a toalha foram usadas para limpar gotas de sangue de Isabella achadas no apartamento do casal.

Roupa do pai
Na noite de ontem, um dos principais peritos do IC responsáveis pelos laudos afirmou à Folha que foi detectado sangue na roupa do pai da menina.
De acordo com o perito, uma gota de sangue foi achada pelos exames no lado direito e na parte dianteira da bermuda que Nardoni usava na noite da morte da filha. Isso não é uma prova de que o pai participou do crime, mas também não descarta essa possibilidade.
Testemunhas disseram, em depoimento à polícia, que viram Nardoni tocar a filha quando ela estava caída no gramado. Ele tentou escutar os batimentos cardíacos de Isabella.
A perícia também confirmou à polícia que são mesmo da menina as gotas de sangue encontradas numa calça jeans que a madrasta de Isabella, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, usava na noite do crime.
Anna Jatobá foi vista por testemunhas falando ao celular e perambulando pelo prédio, porém, não há menções de que ela teria encostado em Isabella após a queda, afirmam policiais. No depoimento dela também não consta essa informação. No entanto, as manchas de sangue poderiam ter passado para a calça jeans após Anna Jatobá abraçar o marido.
Fontes no IC informaram extraoficialmente que todo o sangue analisado até agora é de Isabella. Um rastro de gotas foi deixado da entrada do apartamento até o quarto de onde ela foi arremessada. O intervalo entre os vestígios aponta que um adulto carregou a menina.
Ontem, peritos afirmaram que está descartada a possibilidade de um terceiro adulto ter estado no apartamento.
Eles alegam que o equipamento "crimescope", que emite luz fluorescente quando encontra material biológico (fios de cabelo, pedaços de unha etc.), não encontrou vestígio de outra pessoa. (KLEBER TOMAZ E ANDRÉ CARAMANTE)
Colaborou o "Agora"


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