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Perícia analisa fralda e toalha com traço de sangue
As peças estavam no varal do apartamento de onde Isabella Nardoni foi jogada
Hipótese é que os tecidos tenham sido utilizados para limpar o sangue do corte na testa da menina; será feito exame de DNA
DA REPORTAGEM LOCAL
Vestígios de sangue foram
encontrados em uma fralda e
em uma toalha que estavam no
varal do apartamento de onde
Isabella Nardoni, 5, foi jogada
na noite de 29 de março.
Os peritos do IC (Instituto de
Criminalística) e delegados do
9º DP (Carandiru) que trabalham no caso tentam descobrir,
por meio de exame de DNA, se
as manchas correspondem ao
sangue da menina Isabella.
Se o exame for positivo, os
delegados do caso querem saber se quem jogou Isabella do
sexto andar do edifício London,
por um buraco feito na tela de
proteção da janela, usou a fralda ou a toalha para limpar o
sangue que escorria da testa da
menina, onde havia um corte
de cerca de dois centímetros.
As peças chegaram ao IC terça-feira, depois de os peritos recolherem a fralda e a toalha de
um varal do apartamento, já lavadas. Pelo menos sete perícias
já ocorreram no imóvel. Internamente, os peritos do IC criticam a polícia por não ter isolado o apartamento.
Segundo um médico legista
ouvido pela Folha, que falou
sob anonimato, é "tecnicamente possível" que o ferimento na
testa de Isabella tenha deixado
de sangrar pelo fato de ela ter
sofrido uma tentativa de asfixia
antes de ser jogada pela janela
do apartamento do pai.
Com a respiração comprometida, o organismo naturalmente tende a "drenar" o sangue para as regiões mais importantes do corpo, como os órgãos. Partes periféricas, como a
ponta dos dedos e a testa, acabam ficando sem sangue.
Isso explica porque, ao ser
achada caída no jardim do edifício, Isabella, segundo as pessoas que a viram, não sangrava
no ferimento da testa.
Outra hipótese é a de que a
fralda e a toalha foram usadas
para limpar gotas de sangue de
Isabella achadas no apartamento do casal.
Roupa do pai
Na noite de ontem, um dos
principais peritos do IC responsáveis pelos laudos afirmou
à Folha que foi detectado sangue na roupa do pai da menina.
De acordo com o perito, uma
gota de sangue foi achada pelos
exames no lado direito e na
parte dianteira da bermuda
que Nardoni usava na noite da
morte da filha. Isso não é uma
prova de que o pai participou
do crime, mas também não
descarta essa possibilidade.
Testemunhas disseram, em
depoimento à polícia, que viram Nardoni tocar a filha
quando ela estava caída no gramado. Ele tentou escutar os batimentos cardíacos de Isabella.
A perícia também confirmou
à polícia que são mesmo da menina as gotas de sangue encontradas numa calça jeans que a
madrasta de Isabella, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá,
24, usava na noite do crime.
Anna Jatobá foi vista por testemunhas falando ao celular e
perambulando pelo prédio, porém, não há menções de que ela
teria encostado em Isabella
após a queda, afirmam policiais. No depoimento dela também não consta essa informação. No entanto, as manchas de
sangue poderiam ter passado
para a calça jeans após Anna
Jatobá abraçar o marido.
Fontes no IC informaram
extraoficialmente que todo o
sangue analisado até agora é de
Isabella. Um rastro de gotas foi
deixado da entrada do apartamento até o quarto de onde ela
foi arremessada. O intervalo
entre os vestígios aponta que
um adulto carregou a menina.
Ontem, peritos afirmaram
que está descartada a possibilidade de um terceiro adulto ter
estado no apartamento.
Eles alegam que o equipamento "crimescope", que emite luz fluorescente quando encontra material biológico (fios
de cabelo, pedaços de unha
etc.), não encontrou vestígio de
outra pessoa.
(KLEBER TOMAZ E ANDRÉ CARAMANTE)
Colaborou o "Agora"
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