São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Esquartejador pega 13 anos, mas fica livre

O ex-médico Farah Jorge Farah foi julgado pelo assassinato e a ocultação do cadáver de uma ex-paciente, em 2003

Farah aguardará em liberdade a decisão do recurso que seus advogados vão apresentar; pena é em prisão de regime fechado

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ex-médico Farah Jorge Farah, 58, foi condenado ontem a 13 anos de prisão em regime fechado por assassinar e ocultar o corpo de Maria do Carmo Alves, uma ex-paciente.
Ele também recebeu multa equivalente a meio salário mínimo pela ocultação do corpo. O crime aconteceu em 2003.
A defesa vai recorrer. Farah aguardará em liberdade, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
"De lá para cá, não se alterou nada. Eu estaria afrontando a decisão do Supremo Tribunal Federal se o mandasse preso", afirmou o juiz. Em maio de 2007, Farah conseguiu o habeas corpus depois de passar cerca de quatro anos preso.
O júri acatou as duas qualificadoras (agravantes) apontadas pela acusação -motivo torpe e emprego de meio que impossibilitou a defesa da vítima (que estava sedada).
Os parentes de Maria do Carmo e a Promotoria consideraram a pena "branda". "Foi pouco para o que ele fez com a minha filha. Ele acabou com a vida dela e com a minha", disse a mãe de Maria do Carmo, Alice Silva, após o julgamento.
O juiz Rogério de Toledo Pierre, que proferiu a sentença, afirmou que a pena foi "extremamente adequada". "Não se pode confundir a comoção, o choque que é ver as fotos do corpo esquartejado, com uma reprimenda que não seja adequada", afirmou.

Julgamento
O julgamento durou três dias. A defesa do cirurgião alegou que Farah agiu em legítima defesa e sob forte emoção, após cinco anos de perseguição por parte de Maria do Carmo, com que teve um caso, de acordo com ele. A família dela nega.
O advogado Roberto Podval afirmou que as ligações eram constantes, tanto para o consultório de Farah quanto para a casa de familiares dele.
Com os registros telefônicos em mão, o defensor afirmou que apenas nos meses de fevereiro e março de 2002 ela realizou mais de 5.000 ligações para o ex-médico.
"Se essa lista não tivesse vindo da empresa telefônica, eu acharia que é montagem. Agora, me diga se este monte de ligações não leva um homem à loucura", disse o advogado.
A Promotoria afirmou, no entanto, que o crime foi premeditado e que, no dia do assassinato, a mulher havia marcado uma lipoaspiração.
"Ela foi anestesiada enquanto estava viva. O réu a atraiu para essa armadilha para se livrar de Maria do Carmo", disse o promotor Alexandre Marcos Pereira. "Não havia sinais de luta, segundo os laudos."
O promotor disse que o médico queria se livrar da paciente por achar que ela havia denunciado a clínica dele para a Vigilância Sanitária, em 2002. A denúncia, que posteriormente ficou comprovado que não foi feita por Maria do Carmo, provocou o fechamento do local por cerca de seis meses.
Durante todo o julgamento, o advogado de Farah concordou que houve homicídio, mas negou a ocultação de cadáver, já que Farah disse para familiares onde o corpo estava.
Após a sentença, o advogado afirmou que recorrerá porque os peritos convocados para depor pela defesa foram ouvidos antes das testemunhas de acusação, o que, segundo ele, contraria as regras.


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