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Esquartejador pega 13 anos, mas fica livre
O ex-médico Farah Jorge Farah foi julgado pelo assassinato e a ocultação do cadáver de uma ex-paciente, em 2003
Farah aguardará em liberdade a decisão do recurso que seus advogados vão apresentar; pena é em prisão de regime fechado
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ex-médico Farah Jorge Farah, 58, foi condenado ontem a
13 anos de prisão em regime fechado por assassinar e ocultar o
corpo de Maria do Carmo Alves, uma ex-paciente.
Ele também recebeu multa
equivalente a meio salário mínimo pela ocultação do corpo.
O crime aconteceu em 2003.
A defesa vai recorrer. Farah
aguardará em liberdade, amparado por um habeas corpus
concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
"De lá para cá, não se alterou
nada. Eu estaria afrontando a
decisão do Supremo Tribunal
Federal se o mandasse preso",
afirmou o juiz. Em maio de
2007, Farah conseguiu o habeas corpus depois de passar
cerca de quatro anos preso.
O júri acatou as duas qualificadoras (agravantes) apontadas pela acusação -motivo torpe e emprego de meio que impossibilitou a defesa da vítima
(que estava sedada).
Os parentes de Maria do Carmo e a Promotoria consideraram a pena "branda". "Foi pouco para o que ele fez com a minha filha. Ele acabou com a vida
dela e com a minha", disse a
mãe de Maria do Carmo, Alice
Silva, após o julgamento.
O juiz Rogério de Toledo
Pierre, que proferiu a sentença,
afirmou que a pena foi "extremamente adequada". "Não se
pode confundir a comoção, o
choque que é ver as fotos do
corpo esquartejado, com uma
reprimenda que não seja adequada", afirmou.
Julgamento
O julgamento durou três
dias. A defesa do cirurgião alegou que Farah agiu em legítima
defesa e sob forte emoção, após
cinco anos de perseguição por
parte de Maria do Carmo, com
que teve um caso, de acordo
com ele. A família dela nega.
O advogado Roberto Podval
afirmou que as ligações eram
constantes, tanto para o consultório de Farah quanto para a
casa de familiares dele.
Com os registros telefônicos
em mão, o defensor afirmou
que apenas nos meses de fevereiro e março de 2002 ela realizou mais de 5.000 ligações para
o ex-médico.
"Se essa lista não tivesse vindo da empresa telefônica, eu
acharia que é montagem. Agora, me diga se este monte de ligações não leva um homem à
loucura", disse o advogado.
A Promotoria afirmou, no
entanto, que o crime foi premeditado e que, no dia do assassinato, a mulher havia marcado
uma lipoaspiração.
"Ela foi anestesiada enquanto estava viva. O réu a atraiu para essa armadilha para se livrar
de Maria do Carmo", disse o
promotor Alexandre Marcos
Pereira. "Não havia sinais de luta, segundo os laudos."
O promotor disse que o médico queria se livrar da paciente
por achar que ela havia denunciado a clínica dele para a Vigilância Sanitária, em 2002. A denúncia, que posteriormente ficou comprovado que não foi
feita por Maria do Carmo, provocou o fechamento do local
por cerca de seis meses.
Durante todo o julgamento, o
advogado de Farah concordou
que houve homicídio, mas negou a ocultação de cadáver, já
que Farah disse para familiares
onde o corpo estava.
Após a sentença, o advogado
afirmou que recorrerá porque
os peritos convocados para depor pela defesa foram ouvidos
antes das testemunhas de acusação, o que, segundo ele, contraria as regras.
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