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FLANELINHAS
Guardadores de carros chegam a cobrar até R$ 100 mensais para vigiar carros e reservar vagas para estudantes
Aluno paga por mês para estacionar na rua
ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local
Estudantes de faculdades de São
Paulo estão pagando mensalidades para estacionar seus carros em
locais próximos à faculdade.
As mensalidades em áreas próximas à PUC, em Perdizes, ou à
Faap, no Pacaembu, chegam a
custar até R$ 100.
Como "vantagem" para os alunos os "flanelinhas" -como são
conhecidos os guardadores de
carros-, oferecem serviço de manobrista e reservam vagas para os
estudantes.
Na rua Bartira, perto da PUC, à
noite, por exemplo, os alunos que
pagam em média R$ 70 por mês
deixam os carros com as chaves no
contato para que os flanelinhas os
coloquem em vagas que vierem a
surgir. A mensalidade de um estacionamento na área da PUC e da
Faap é, em média, de R$ 120.
A maioria dos alunos é contra a
presença dos flanelinhas perto das
faculdades.
"Eu não pago e já tive três carros
roubados aqui perto da PUC", diz
o presidente do centro acadêmico
22 de Agosto, da faculdade de Direito da PUC, Ricardo Handro. De
acordo com Handro, os guardadores de carros fazem exigências e
ameaçam os alunos que se recusam a pagar as mensalidades.
Alunos da Faap também se queixam de ameaças feitas pelos guardadores. Alguns alunos, entretanto, acham útil o trabalho dos flanelinhas. "Eu tenho confiança no
meu guardador", diz José Martins
Orso Júnior, que paga até R$ 100
por mês para deixar as chaves de
seu carro com um flanelinha.
"Eu chego à noite, quando as aulas já começaram, e nem sempre
tem vaga. É mais prático deixar a
chave", diz Orso Júnior.
Alguns dos guardadores de carros que ficam perto da PUC concordaram em dar entrevista, mas
não revelaram seus nomes.
Eles afirmam estar prestando
um serviço aos alunos e dizem estar trabalhando como flanelinhas
devido ao desemprego. Muitos
alunos da PUC dizem que pagam
aos flanelinhas devido ao medo de
terem seus carros roubados.
Isso porque a universidade fica
na área do 23º DP, que tem o quinto maior registro de roubos e furtos de automóveis na cidade, com
média de 192 registros por mês,
em 97. A média diária é de 6,4 roubos ou furtos.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que a área do DP
é mais abrangente e que nem todos os roubos registrados acontecem próximos à universidade.
Os meses de janeiro, fevereiro e
dezembro, em que não há aulas,
são os que tiveram o menor número de ocorrências registradas.
Polícia
Para a Polícia Militar, o problema dos guardadores de carros nas
proximidades das faculdades é
crônico e de difícil solução.
A Polícia Militar é a responsável
pelo policiamento preventivo e
deveria coibir a ação dos flanelinhas que fazem ameaças aos estudantes para receber dinheiro.
"O que acontece é que os estudantes não colaboram", diz o tenente Mauro Rocha, subcomandante da Segunda Companhia do
Quarto Batalhão, responsável pelo
policiamento na área da PUC.
De acordo com Rocha, quando a
PM prende algum guardador de
carro, os estudantes se recusam a
registrar queixa na delegacia, o
que faz com que os flanelinhas
voltem às ruas.
Nos três dias em que a reportagem da Folha percorreu as ruas
próximas à PUC, de manhã, à tarde e à noite, nenhum policial foi
visto. Os carros da PM que passaram pelo local, ignoraram a presença dos flanelinhas. "Quando
nós nos aproximamos, eles somem", disse Rocha.
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