São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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SEGURANÇA

O primeiro quadrimestre foi o mais violento desde 1998; governo do PT, que assumiu em abril, aponta descaso anterior

Rio assiste a aumento da criminalidade

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Marcado pela mudança de governo de Anthony Garotinho (PSB) para Benedita da Silva (PT), o primeiro quadrimestre de 2002 foi o mais violento no Estado do Rio desde 1998. Benedita assumiu no dia 5 de abril, quando Garotinho, depois de governar três anos e três meses, se licenciou para disputar a Presidência da República.
A estatística da violência no Rio registra o aumento da quantidade de homicídios, roubos e furtos, seja qual for o período de comparação -de abril de 2002 com abril de 2001, de abril de 2002 com março de 2002 ou na comparação dos quadrimestres.
Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que em abril houve 668 homicídios intencionais, cerca de 22,2 por dia -aumento de 25,8% em comparação a março e de 36,3% em relação a abril do ano passado.
Na análise do quadrimestre, houve 2.351 homicídios dolosos em 2002 -7,4% a mais que os 2.189 registrados em 2001.
Ainda na análise dos quadrimestres, em comparação com 2001 houve crescimento dos registros de tentativas de homicídio (6,4%), dos autos de resistência (34,6%), dos roubos (24,8%), dos furtos (4,7%), dos roubos de veículos (31,3%), dos furtos de veículos (15,9%), dos roubos de celulares (1,4%), dos roubos a residências (8,9%) e a empresas (27%).
Caíram as lesões corporais dolosas (19,2%) e as seguidas de morte (19,2%), os latrocínios (15,7%), os estupros (10,2%) e os roubos em coletivos (22,1%).
"Acho que houve todo um descaso por muito tempo. A cidade caminhou para a barbárie, essa é a grande questão. Houve uma leniência muito grande em relação à criminalidade", disse o secretário de Segurança, Roberto Aguiar.
"Estamos herdando uma situação gravíssima", afirmou ao se referir ao governo Garotinho.
O narcotráfico e os conflitos entre gangues foram apontados como as principais causas do aumento de homicídios.
"Eu comprei a bola de cristal, mas não funciona. A gente faz é um trabalho orgânico para diminuir isso", afirmou.
Ontem foi a primeira divulgação da nova metodologia de publicação dos índices, modificada pela equipe de segurança do governo de Benedita (PT).
No "Diário Oficial" serão publicados, a partir de agora, 28 e não mais 13 índices, detalhando crimes como lesões corporais, pessoas desaparecidas e policiais mortos. Os mesmos números serão postos na internet, onde estará disponível uma planilha com cerca de 150 tipos de ocorrências.
A nova equipe promete mais transparência na divulgação dos números da violência. "Não existem mais dados secretos. A Segurança Pública do Rio não tem medo de números", afirmou Aguiar.
Houve mudanças na base de dados para roubos e furtos de veículos. Segundo a coordenadora de Segurança, Jacqueline Muniz, a base usada pelo governo anterior ignorava cerca de 7.000 mil roubos de veículos, pois vinha do Proderj (que processa dados do Estado), que recebe com atraso os registros da Polícia Civil.



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