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URBANIDADE
Carona inteligente
GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA
A combinação parecia
perfeita para o adolescente
Eduardo Cauli Bravim: morar
em São Paulo e estudar na USP.
Decidiu assim trocar a calma de
São José dos Campos, onde vivia,
pela efervescência de uma metrópole e, ainda por cima, com direito a usufruir de um centro de excelência universitária. "Diante
de tantas perspectivas, o caos
paulistano não me amedrontava."
No ano passado, quando entrou no curso de matemática
computacional da Universidade
de São Paulo, conseguiu realizar
os dois projetos. Ainda engatinhando na vida acadêmica, seu
plano é dedicar-se, no futuro, à
pesquisa sobre o uso da matemática para ampliar o alcance da
informática. Ficou, entretanto,
conhecido antes do que imaginava, sem nem sequer usar o que está aprendendo na faculdade.
Não lhe passava pela cabeça
que, em tão pouco tempo, já seria
conhecido no campus da USP por
uma experiência em informática
para enfrentar um dos sintomas
mais visíveis do caos paulistano,
os congestionamentos.
Criou um site na internet para
facilitar a carona, usando os recursos que aprendeu no ensino
técnico que cursou em São José
dos Campos e inspirado numa
experiência da Unicamp. O site
www.caronusp.z8.com.br permite o cadastramento, por regiões e trajetos, da carona.
"Além de economizar dinheiro, é
possível diminuir o trânsito se as
pessoas compartilharem o mesmo veículo."
Na semana passada, ao ser publicada na Folha, a informação
sobre a experiência disseminou-se, fato que provocou uma correria de cadastramentos. "O acesso
ao site não pára de crescer." A
reação fez com que ele pensasse
em ir além do campus: aplicar o
mesmo recurso da internet em
determinados bairros da cidade
de São Paulo. Assim, os moradores poderiam deixar o carro em
casa. "Se a moda pega, a própria
prefeitura pode manter esse tipo
de serviço", sugere. É uma solução e tanto: afinal, José Serra tem
planos de intensificar o rodízio
para restringir ainda mais o
trânsito de veículos.
Cauli, entretanto, está livre
desse problema -é dos poucos
privilegiados que podem dispensar o carro e ir estudar a pé. Isso
deixou seu projeto de vida ainda
mais completo. Vive em São Paulo, estuda na USP e, além disso,
tem residência no campus, lugar
verde e silencioso. Ficou com o
melhor das duas cidades: em
meio à agitação cultural paulistana, conseguiu preservar a calma interiorana.
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