São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

URBANIDADE

Carona inteligente

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

A combinação parecia perfeita para o adolescente Eduardo Cauli Bravim: morar em São Paulo e estudar na USP. Decidiu assim trocar a calma de São José dos Campos, onde vivia, pela efervescência de uma metrópole e, ainda por cima, com direito a usufruir de um centro de excelência universitária. "Diante de tantas perspectivas, o caos paulistano não me amedrontava."
No ano passado, quando entrou no curso de matemática computacional da Universidade de São Paulo, conseguiu realizar os dois projetos. Ainda engatinhando na vida acadêmica, seu plano é dedicar-se, no futuro, à pesquisa sobre o uso da matemática para ampliar o alcance da informática. Ficou, entretanto, conhecido antes do que imaginava, sem nem sequer usar o que está aprendendo na faculdade.
Não lhe passava pela cabeça que, em tão pouco tempo, já seria conhecido no campus da USP por uma experiência em informática para enfrentar um dos sintomas mais visíveis do caos paulistano, os congestionamentos.
Criou um site na internet para facilitar a carona, usando os recursos que aprendeu no ensino técnico que cursou em São José dos Campos e inspirado numa experiência da Unicamp. O site www.caronusp.z8.com.br permite o cadastramento, por regiões e trajetos, da carona. "Além de economizar dinheiro, é possível diminuir o trânsito se as pessoas compartilharem o mesmo veículo."
Na semana passada, ao ser publicada na Folha, a informação sobre a experiência disseminou-se, fato que provocou uma correria de cadastramentos. "O acesso ao site não pára de crescer." A reação fez com que ele pensasse em ir além do campus: aplicar o mesmo recurso da internet em determinados bairros da cidade de São Paulo. Assim, os moradores poderiam deixar o carro em casa. "Se a moda pega, a própria prefeitura pode manter esse tipo de serviço", sugere. É uma solução e tanto: afinal, José Serra tem planos de intensificar o rodízio para restringir ainda mais o trânsito de veículos.
Cauli, entretanto, está livre desse problema -é dos poucos privilegiados que podem dispensar o carro e ir estudar a pé. Isso deixou seu projeto de vida ainda mais completo. Vive em São Paulo, estuda na USP e, além disso, tem residência no campus, lugar verde e silencioso. Ficou com o melhor das duas cidades: em meio à agitação cultural paulistana, conseguiu preservar a calma interiorana.


Texto Anterior: O que dizia o governo
Próximo Texto: A cidade é sua: Após colidir com cavalo na Dutra, motorista quer ser ressarcido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.