São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulheres de famílias tradicionais desfilam com roupas dos tempos das avós

SILVIANE NENO
DA REVISTA DA FOLHA

O gosto pela estética de outras épocas está na moda. É a preservação da memória a bordo de peças do vestuário ou de decoração. O motivo é simples como as grandes idéias: só o que é bom permanece, atravessa os anos, passa de geração para geração, de armário para armário. Tal tendência ganhou até nome: vintage. O resgate dos valores antigos é uma das mais firmes tendências de comportamento para 2009, aponta a consultoria inglesa WGSM, site especializado em antecipar tais movimentos.
Vintage é uma designação aplicada à colheita de uvas, no trabalho de preparação das melhores safras de vinho. Na matriz da palavra, há o "vint", derivado de videira, e o "age", de idade. Trata-se, portanto, de expressão destinada a identificar um produto excepcional. É assim com o vinho. É assim com objetos que conquistam nobreza com o passar dos anos.
No universo da moda, as releituras de modismos do passado são a porta de entrada para coleções que sabem respirar o ontem. Paradoxalmente, é a modernidade se vestir como no passado. "Usar peças de estilo vintage é para quem gosta de ousar", diz a designer Elisa Stecca, 44. "Quem se veste dessa maneira está interessado em ir na contramão do óbvio."
Uma das primeiras celebridades a apontar esse caminho foi Madonna, antena de toda uma geração. Fervorosa inimiga do óbvio, mesclou o antigo com o moderno, ao dar ares contemporâneos à velha calça Adidas, cujas três listras repousavam num escaninho da memória dos anos 1970.
Duas décadas depois, sob o ritmo da batida da popstar, o movimento ganhou forma. Apostando nele, Vera e Ana Luiza Bardella, mãe e filha, fizeram do acervo da família um negócio. Em 2002, elas abriram o estúdio Vintage. Durante cinco anos, a loja vendeu peças garimpadas pela dupla nos baús da avó de Ana Luiza e em brechós de várias capitais do mundo.
Marina Rivetti, 23, tomou gosto por obras de arte e coleções ao visitar museus do mundo todo, sempre acompanhada pela mãe, Kika. É com ela que Marina divide também o interesse pelo acervo da avó, Lulla Gancia. "Tenho amigas que jamais usariam coisas da mãe ou da avó, mas acho bacanérrimo", sentencia. "Vintage para mim não é moda, é tradição."


Texto Anterior: Folha sabatina Contardo Calligaris na terça
Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: O mistério do câncer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.