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Mulheres de famílias tradicionais desfilam com roupas dos tempos das avós
SILVIANE NENO
DA REVISTA DA FOLHA
O gosto pela estética de outras épocas está na moda. É a
preservação da memória a
bordo de peças do vestuário
ou de decoração. O motivo é
simples como as grandes
idéias: só o que é bom permanece, atravessa os anos, passa
de geração para geração, de
armário para armário. Tal
tendência ganhou até nome:
vintage. O resgate dos valores
antigos é uma das mais firmes
tendências de comportamento para 2009, aponta a consultoria inglesa WGSM, site
especializado em antecipar
tais movimentos.
Vintage é uma designação
aplicada à colheita de uvas, no
trabalho de preparação das
melhores safras de vinho. Na
matriz da palavra, há o "vint",
derivado de videira, e o "age",
de idade. Trata-se, portanto,
de expressão destinada a
identificar um produto excepcional. É assim com o vinho. É assim com objetos que
conquistam nobreza com o
passar dos anos.
No universo da moda, as releituras de modismos do passado são a porta de entrada
para coleções que sabem respirar o ontem. Paradoxalmente, é a modernidade se
vestir como no passado.
"Usar peças de estilo vintage
é para quem gosta de ousar",
diz a designer Elisa Stecca,
44. "Quem se veste dessa maneira está interessado em ir
na contramão do óbvio."
Uma das primeiras celebridades a apontar esse caminho
foi Madonna, antena de toda
uma geração. Fervorosa inimiga do óbvio, mesclou o antigo com o moderno, ao dar
ares contemporâneos à velha
calça Adidas, cujas três listras
repousavam num escaninho
da memória dos anos 1970.
Duas décadas depois, sob o
ritmo da batida da popstar, o
movimento ganhou forma.
Apostando nele, Vera e Ana
Luiza Bardella, mãe e filha, fizeram do acervo da família
um negócio. Em 2002, elas
abriram o estúdio Vintage.
Durante cinco anos, a loja
vendeu peças garimpadas pela dupla nos baús da avó de
Ana Luiza e em brechós de
várias capitais do mundo.
Marina Rivetti, 23, tomou
gosto por obras de arte e coleções ao visitar museus do
mundo todo, sempre acompanhada pela mãe, Kika. É
com ela que Marina divide
também o interesse pelo
acervo da avó, Lulla Gancia.
"Tenho amigas que jamais
usariam coisas da mãe ou da
avó, mas acho bacanérrimo",
sentencia. "Vintage para mim
não é moda, é tradição."
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